Logo O POVO+
Adeus ao ídolo: da Série C à Libertadores, Tinga encerra passagem vitoriosa no Fortaleza
Comentar
Esportes

Adeus ao ídolo: da Série C à Libertadores, Tinga encerra passagem vitoriosa no Fortaleza

Lateral-direito foi peça importante no período mais vitorioso do Leão, com 389 jogos, dez títulos e lugar entre os maiores nomes da história do clube
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Comentar
Apesar de ser lateral, Tinga se notabilizou por protagonizar momentos decisivos (Foto: Mateus Lotif/Fortaleza EC)
Foto: Mateus Lotif/Fortaleza EC Apesar de ser lateral, Tinga se notabilizou por protagonizar momentos decisivos

Guilherme de Jesus da Silva escreveu as páginas mais vitoriosas da história do Fortaleza. Dos 107 anos do clube, esteve presente em nove e foi da Série C à final da Sul-Americana, com quase 400 jogos disputados, dez taças levantadas, campanhas históricas e identificação com o Leão. Tinga virou um torcedor em campo e entrou para a galeria dos maiores ídolos do Tricolor.

Cria do Grêmio, o pacato gaúcho de Porto Alegre (RS) chegou ao Pici em 2015, após passagem pelo modesto Boa Esporte-MG. Aos 21 anos, era uma aposta de um Fortaleza que se reconstruía para mais um ano de Terceirona e que tinha o desafio de evitar o pentacampeonato estadual do rival Ceará. E o camisa 2 foi peça fundamental para o título ser tricolor, já que deu a assistência para o famoso gol de Cassiano.

O defensor foi para o Bahia e também defendeu o Juventude, mas o destino o trouxe de volta para o Leão, em 2018. E, a partir dali, Tinga e Fortaleza deram início a uma trajetória vencedora, com gols marcantes, liderança interna e espírito vibrante do capitão.

"Sempre falei que eu não sou nada sem o Fortaleza. O Fortaleza me deu tudo: oportunidade de jogar, uma vida, uma família. Aqui é uma família, eu me sinto em casa", contou o ídolo tricolor, em entrevista às Páginas Azuis do O POVO, em abril de 2023.

O lateral-direito conquistou mais cinco títulos do Campeonato Cearense, sendo pentacampeão de fato (2019 a 2023); três da Copa do Nordeste (2019, 2022 e 2024) e um da Série B (2018). Esteve presente nas duas campanhas de G-4 no Brasileirão, nas disputas da Libertadores e no vice-campeonato da Copa Sul-Americana de 2023. Virou até mosaico nas arquibancadas.

Dono de fala mansa, Tinga tinha estilo vibrante nos vestiários, com discursos inflamados, e em campo, aguerrido a cada disputa de bola. Criou rápida identificação com o clube, o que fazia os torcedores verem o dono da camisa 2 e da braçadeira de capitão como um representante deles em campo. O defensor não se furtava a falar nos momentos difíceis e exibia sinceridade rara nas entrevistas, por vezes em tom de desabafo após derrotas.

Como jogador do Fortaleza, ainda na primeira passagem, o lateral-direito disputou os Jogos Pan-Americanos de 2015, no Canadá, e ganhou a medalha de bronze. No decorrer da segunda passagem, recebeu proposta do Cruzeiro — à época chefiado por Ronaldo Fenômeno —, mas recusou e renovou contrato com o Tricolor.

Passados 389 jogos, 26 gols e 35 assistências, Tinga encerrou a trajetória pelo Pici. O contrato que iria até abril de 2026 foi rescindido de forma antecipada, e o defensor de 32 anos vai atuar pelo Coritiba na próxima temporada. O clube preparou uma homenagem na despedida do capitão, que fez apenas 24 jogos em uma temporada marcada por resultados negativos e finalizada com o rebaixamento para a Série B.

O camisa 2 também não exibiu o mesmo desempenho de outros anos, em que foi peça importante sob o comando de Rogério Ceni e Juan Pablo Vojvoda — atuando até como zagueiro. Mas o desgaste natural de uma relação longeva não abala a grandeza de Guilherme de Jesus da Silva na história do Fortaleza, muito menos a idolatria, apesar de ele não se considerar entre os principais nomes da história do clube.

"Eu sempre falo que eu só vou ser ídolo depois que eu parar e ver o que conquistei, o que atingi, que as coisas aconteceram. Depois eu vou ver. Agora eu sou mais um, tenho que batalhar todo dia", disse Tinga, há dois anos, às Páginas Azuis. Ele batalhou e virou ídolo.

O que você achou desse conteúdo?