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Tinga garante ambição por mais títulos e se declara: "O Fortaleza me deu tudo"
Reportagem Seriada

Tinga garante ambição por mais títulos e se declara: "O Fortaleza me deu tudo"

Após renovar contrato com o Tricolor até 2026, lateral-direito de 29 anos relembra momentos históricos no clube, fala sobre proposta do Cruzeiro, exalta Rogério Ceni e Vojvoda e quer aumentar coleção de títulos

Tinga garante ambição por mais títulos e se declara: "O Fortaleza me deu tudo"

Após renovar contrato com o Tricolor até 2026, lateral-direito de 29 anos relembra momentos históricos no clube, fala sobre proposta do Cruzeiro, exalta Rogério Ceni e Vojvoda e quer aumentar coleção de títulos
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Guilherme de Jesus da Silva atua em uma posição pouco badalada do futebol, não é afeito aos holofotes e nunca foi um dos principais nomes um elenco. Ainda assim, com a perseverança característica desde os primeiros passos na carreira, estrela para momentos decisivos e títulos, conquistou os tricolores.

O gaúcho de 29 anos, que carrega a alcunha de Tinga, chegou ao Pici pela primeira vez em 2015 a pedido de um antigo treinador e retornou em 2018, mesmo a contragosto de Rogério Ceni, para entrar na história.

Com mais de 270 jogos disputados pelo Fortaleza e nove taças conquistadas, além de participação em campanhas históricas, o camisa 2 se tornou ídolo do Leão naturalmente, respaldado também pela boa relação com clube e torcedores. O elo foi eternizado em 4 de setembro de 2022, quando foi homenageado com um mosaico da torcida no Castelão.

A ligação afetiva, inclusive, foi fator determinante para o lateral-direito renovar contrato até abril de 2026 depois de receber proposta do Cruzeiro. Dias após tomar a decisão de permanecer no Tricolor, Tinga recebeu O POVO no Centro de Excelência Alcides Santos — onde diz se sentir em casa — para falar sobre o início da carreira, explicar a trajetória de sucesso no Fortaleza — individual e coletiva — e projetar os objetivos para os próximos três anos.

 

Assista à entrevista

 

 

OP - Em 2015, você deu o passe para o gol que impediu o pentacampeonato do Ceará. Agora, em 2023, o passe foi para o gol do pentacampeonato do Fortaleza. O que significa viver esses dois momentos?

Tinga - Em 2015, quando aconteceu tudo, ninguém dava muita atenção depois de conquistar o título. Depois de quatro, cinco anos, todo mundo falava desse lance, desse título, que foi um dos mais marcantes na história do clube. A gente sempre lembra das vitórias daqui a cinco, dez anos. Esse foi um dos melhores momentos da minha vida, entrar para a história, mas na época eu não sabia. Era o primeiro título, marcante e tudo mais, mas não era nada a mais. Depois que a gente começou a entender mais a história do clube, depois que eu voltei para cá, as coisas começaram a ficar mais marcantes depois, não foi no momento. E depois conquistar o penta, que é impressionante, muitas vitórias e eu e o Romarinho permanecendo, fico muito grato de estar passando por essa oportunidade. Até brinquei que foram os mesmos placares nos jogos: 2 a 1 no primeiro jogo e depois 2 a 2. Fui uma coincidência muito grande. Tirar o penta (do Ceará em 2015) e conquistar um. Isso é marcante e daqui a dez anos vão lembrar muito disso. Fico muito feliz.

 

OP - Antes da final do Estadual, você recebeu proposta do Cruzeiro, decidiu sair, mas depois resolveu ficar e renovou contrato com o Fortaleza. Como foram esses dias?

Tinga - Foi tenso, viu? (risos) Foi tenso demais, eu nunca tinha vivido assim um momento desse. Foi tudo ao mesmo tempo, duas semanas em que eu estava muito perto de ficar, depois muito perto de sair e depois decidi (ficar), nos detalhes, que ninguém vai saber por que aconteceu. Eu não sei nem o que te explicar, porque foi um momento muito difícil.

Meu objetivo de cada dia agora é melhorar cada vez mais para render e ajudar o clube. Não quero ajudar só pelo passado, quero ajudar no presente e no futuro.

A gente tinha perdido (a semifinal) na Copa do Nordeste e depois chegou a proposta. 'Meu Deus, eu não posso pensar nisso agora, tenho que ganhar esse título (do Campeonato Cearense). Primeiro tenho que ganhar para depois pensar em sair ou não'. E os caras vieram atrás, queria até agradecer porque eles (dirigentes do Cruzeiro) foram muito honestos comigo e depois me entenderam, mandei mensagem para eles. Foram muito íntegros, porque eles vieram falar com o presidente, depois vieram falar comigo, eles fizeram um esforço tremendo, porque não estavam investindo em jogador, ainda mais da minha idade, então queriam muito que eu fosse, fizeram esforço financeiro, fizeram de tudo para eu ir.

E eu ficar (no Fortaleza) foi uma das melhores coisas. Antes eu estava muito perto de sair, achava que tinha terminado meu ciclo, como acontece com todo mundo, mas depois pensei muito e vi que dava para ficar mais tempo, ajudar o Fortaleza a conquistar ainda mais títulos e ficar ainda mais na história. Para mim começou do zero de novo com a renovação, tenho que conquistar tudo de novo, porque não quero ficar só pelo passado, quero merecer estar jogando, fazendo parte do grupo, então tenho que melhorar cada vez mais. Meu objetivo de cada dia agora é melhorar cada vez mais para render e ajudar o clube. Não quero ajudar só pelo passado, quero ajudar no presente e no futuro. Estou tentando fazer meu máximo para conseguir estar bem e ajudar o Fortaleza.

Lateral-direito Tinga e auxiliar de nutrição Toinha Porfírio no jogo Fortaleza x Campinense, no PV, pela Copa do Nordeste 2023(Foto: Mateus Lotif/Fortaleza EC)
Foto: Mateus Lotif/Fortaleza EC Lateral-direito Tinga e auxiliar de nutrição Toinha Porfírio no jogo Fortaleza x Campinense, no PV, pela Copa do Nordeste 2023

Essa semana foi bem difícil, bem complicada, depois do 2 a 1 (primeira final do Campeonato Cearense) eu já tinha decidido que ia sair. Tinha falado com a minha família, com a diretoria e com o Vojvoda. Depois, o Marcelo Paz falou: 'Espera aí, vamos conversar só depois do segundo jogo'. 'Tudo bem, para mim é melhor'. Foquei mais na semana, porque era um título importante, seria muito bom para o clube e para mim, que seria um dos poucos jogadores a conquistar os cinco seguidos, então sabia que ia ser bem complicado sair da forma que estava sendo. A cada dia que eu vinha, os funcionários me perguntavam, porque daqui a pouco saiu na mídia que eu ia sair. 'Meu Deus do céu, ninguém sabia, agora todo mundo está sabendo. E agora?'. Muita gente mandou mensagem de carinho: 'Tu fechou teu ciclo, vamos continuar torcendo por ti'. Foi muito bom, muito importante, eu fiquei muito feliz. Isso foi uma das coisas que eu fiquei feliz e mudei de ideia.

Depois do título, eu fui conversar com o presidente na casa dele, ele não queria me liberar e foi uma das coisas bem difíceis para mim, mas já estava decidido. Aí, na segunda-feira, chega o Vojvoda e foi complicado (risos). Ele falou o que precisava, que queria que eu permanecesse, conversei com ele, vi que ele queria mesmo que eu ficasse, como todo mundo. Vários jogadores vieram falar comigo, os funcionários, o estafe todo estava preocupado, quase chorando, esperando o momento, e eu não falava nada porque não sabia o que ia acontecer. Na segunda-feira foi decidido, foi muito rápido. Eu estava muito longe daqui, mas depois fiquei muito feliz porque não queria sair nesse momento. Tenho condições de fazer ainda mais história, conquistar mais títulos, vencer mais jogos. Agora é tudo do zero de novo. Vou me esforçar ao máximo para conquistar mais títulos, jogar o máximo de jogos e depois, quando eu parar, a gente vê o que vai acontecer.

Tinga participou das cinco vitórias estaduais do Fortaleza.(Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal Tinga participou das cinco vitórias estaduais do Fortaleza.

OP - Se você cumprir o contrato até o final, serão dez temporadas como jogador do Fortaleza, podendo ultrapassar 400 jogos. Pensa em coroar essa marca com um título mais expressivo, como Copa do Brasil ou Sul-Americana?

Tinga - Se der para ser antes, pode ser esse ano já (risos). Se der para a gente conquistar uma Copa do Brasil, uma Sul-Americana, que eu acho que a gente tem condições... Claro que é muito difícil, mas acho que a gente tem condições, nosso grupo é muito forte, está bem preparado para conquistar algo marcante novamente. A gente vai fazer de tudo. Um título desses de expressão com certeza vai mudar ainda mais o patamar do clube e nosso, dos jogadores. A gente está preparado para isso. Como eu falei em uma entrevista antes do clássico, que a gente poderia sonhar com a Sul-Americana, não menosprezando o Cearense, mas a gente está um novo patamar em que pode pensar nisso. Mas tem que conquistar passo a passo.

Queremos fazer um grande Brasileiro, surpreender de novo, que é nosso objetivo, não fazer mais o que aconteceu ano passado, de começar mal, jogando bem, mas perdendo os jogos. A gente está bem preparado para fazer o nosso melhor. Daqui a três anos pode ser que a gente conquiste muitos títulos, esperamos que um título diferente, maior, para entrar para a história do clube. Se der, passando o Dude aí, 400 jogos, o cara é um ídolo, um exemplo também. Vou ficar muito feliz se eu conquistar tudo isso, títulos também, e eu ainda vou ter 32 anos, então ainda vou ter mais um pouco (risos).

 

OP - Vocês conversam entre si sobre a possibilidade de ganhar a Copa do Brasil ou a Sul-Americana?

Tinga - Com certeza, porque é uma visibilidade muito boa, e o Fortaleza está há anos melhorando um pouco, de estrutura, principalmente. Esse clube em 2015 não tinha nada. Eu sei muito bem que o clube está melhorando. A gente sabe que não é só dentro de campo. A bola entra com as outras coisas por fora: estafe, comissão (técnica), diretoria, pagamento em dia, sócio-torcedor, que é o nosso maior patrimônio. Então a gente tem que fazer tudo ao mesmo tempo com os resultados, porque não tem como tu perder os jogos e ter tudo isso. A gente está melhorando, passo a passo.

Atacante Luvannor e lateral-direito Tinga disputam lance no Clássico-Rei Fortaleza x Ceará, na Arena Castelão, pela final do Campeonato Cearense 2023(Foto: Felipe Santos / Ceará SC)
Foto: Felipe Santos / Ceará SC Atacante Luvannor e lateral-direito Tinga disputam lance no Clássico-Rei Fortaleza x Ceará, na Arena Castelão, pela final do Campeonato Cearense 2023

Esse ano nosso time está muito maduro, novas contratações, nosso time está muito forte. Acho que a gente vai surpreender, vamos fazer de tudo. Vamos trabalhar quietinho, como sempre a gente faz, com muita humildade. Sabemos da dificuldade que vai ser, mas é passo a passo. (...) Tem Copa do Brasil, que é curto, sete jogos para poder fazer história, então a gente vai fazer de tudo para conquistar, chegar o mais longe possível. E tem a Sul-Americana também, que é importantíssima, a gente tem condições de terminar em primeiro ou segundo (do grupo). O sonho está na nossa cabeça e a gente está tentando fazer de tudo para, no final do ano, conquistar algo diferente e maior ainda.

 

O POVO - Você sempre gostou de futebol? Como foi o início?

Tinga - Olha, eu não lembro o começo, eu sei que desde novo sempre jogava futebol. Não lembro quando comecei a jogar futebol porque foi muito cedo. Eu sempre jogava futebol, todos os dias, minha mãe não gostava porque eu começava de manhã e só saía à noite da rua. Ela tinha que ir atrás de mim e eu fugia correndo para ficar cada vez mais, gostava muito. Até que chegou um momento em que ela não aguentava mais, porque ficava demais: ia para a escola e depois ficava jogando futebol até à noite. Então ela decidiu me colocar em uma escolinha, foi atrás e conseguiu uma escolinha lá perto de onde eu morava. Jogava (em campo) sintético, mas fiquei pouco tempo lá e queria mais. Aí ela disse: 'Vamos ter que levar ele para um lugar melhor', e eu consegui ir para o Grêmio.

Vim para cá e foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Se não tivesse vindo, nada que está acontecendo agora seria... Foi um dos momentos mais difíceis vir para cá, mas valeu muito a pena.

Comecei aos 7 anos e fiquei até os 11 na escolinha do Grêmio. Aprendi muita coisa e depois saí do Grêmio para o Inter, o que foi bem legal... Assim, agora é legal falar, mas no momento eu não tinha uma situação financeira muito boa, minha mãe tinha que vender empadinha, salgadinho para comprar as passagens. O Inter veio atrás de mim e falou: 'A gente vai te pagar cesta básica e passagem'. Ah, fui na hora. Aí o pessoal do Grêmio ficou: 'Mercenário' e tudo mais. E eu disse: 'Mercenário nada, eu não tinha condições, vocês não me davam nada'. Na época não tinha contrato nem nada, eu era menor (de 18 anos). Aí, eu fui para o Inter e foi muito bom porque entrava com os jogadores (do time profissional), tinha muitas fotos. Entrava em todos os jogos, na Libertadores de 2006 eu estava, em outros títulos também. Mas nunca fui colorado e nem gremista, eu gostava dos times. Quando eu estava em um time e jogava, eu torcia para o time, mas não tinha uma paixão.

Depois eu fui dispensado do Inter, na época tinha muito jogador fora da idade (das categorias de base), porque era um tempo muito difícil. Lá no Sul, o pessoal contratava o pessoal daqui do Nordeste e de outros lugares e alterava as idades, então os caras eram muito fortes. Eu tinha 12, 13 anos e tinham uns caras com 15, 18, era uma coisa assim. Então eu passei muito trabalho.

Lateral-direito Tinga em treino do Fortaleza no Centro de Excelência Alcides Santos, no Pici(Foto: Mateus Lotif/Fortaleza EC)
Foto: Mateus Lotif/Fortaleza EC Lateral-direito Tinga em treino do Fortaleza no Centro de Excelência Alcides Santos, no Pici

Fui embora, não tinha time para jogar e tive que ir para o São José, o Zequinha, fiquei lá dois ou três anos, até o juvenil. No meu primeiro ano de juvenil, eu era um dos mais novos e o time queria que eu fosse para a Taça São Paulo, mas que eu assinasse contrato com eles para ganhar um salário mínimo, na época devia ser R$ 500 ou R$ 550, no máximo. Fiquei: 'Nossa, vou ganhar R$ 500, é muito dinheiro', mas também pensei: 'Será que vale a pena assinar três anos com eles?'. Aí me apresentaram um empresário, que falou: 'Eu posso te testar lá no Grêmio. Tu vai ficar treinando por fora e eu te coloco no Grêmio', e eu disse: 'Vou arriscar'.

Não assinei com o São José, não fui para a Taça São Paulo e fiquei treinando. Dois meses nas férias treinando para voltar para o Grêmio. Fiz um teste, voltei e fiquei três meses treinando lá. Meu Deus, treinando muito, eu nem sabia o que ia acontecer, o cara só botava para treinar, treinar, treinar. Eu jogava de volante na época e tinha muito volante conhecido lá, até de seleção, muito bons. 'Ah, não vai dar'. Aí tinha uma brecha na lateral. 'Ah, tu joga de lateral?', 'com certeza jogo'. Fui, deu mais um mês e fiquei. E foi a melhor coisa, porque eu aprendi muito no Grêmio, lá a gente treina muito (a parte) tática, o pessoal muito forte, então foi o momento que mais aprendi, foi muito bom.

Depois fui convocado para a seleção de base, acho que quatro ou cinco vezes, subi para o profissional, mas machuquei meu pé, tive duas lesões na seleção e fiquei três meses parado; fui para o profissional de novo e machuquei, aí não tive oportunidade. Uma das coisas que eu fico mais triste é de não ter jogado (no time principal) no Grêmio. Fiquei muito triste. Quando eu fui ter oportunidade de jogar, com o Felipão, em 2014, ele me disse: 'A gente não vai te utilizar, tu não chegou no nível'. Nossa, eu fiquei muito triste. 'E agora, o que eu vou fazer?'. Aí, pintou uma oportunidade de ir para o Boa Esporte-MG. 'Meu Deus, de onde que é?'. 'Ah, é de Varginha (MG), está jogando a Série B'. Um time que tinha pouco tempo de existência, não tinha muito o que falar do Boa Esporte e eu pensei: 'Vou arriscar'. Ninguém arriscaria. Estava no Grêmio, vou me arriscar em um time que ninguém conhecia? Eu fui.

Fiquei três meses e meio, joguei o segundo turno todinho (da Série B) em 2014, e o clube fez a melhor campanha. Por coincidência, o último jogo foi aqui no Ceará, contra o Icasa. Última rodada, o Icasa já rebaixado e a gente precisava só ganhar, mas a gente perdeu (risos). O pessoal (do Icasa) já tinha ido todo embora, mas teve dinheiro de tudo que é lado, os caras correram muito e a gente perdeu o jogo, não subiu. Fui muito bem nesse ano.

Lateral-direito Tinga no jogo Fortaleza x Deportivo Maldonado, na Arena Castelão, pela Copa Libertadores 2023(Foto: Mateus Lotif/Fortaleza EC)
Foto: Mateus Lotif/Fortaleza EC Lateral-direito Tinga no jogo Fortaleza x Deportivo Maldonado, na Arena Castelão, pela Copa Libertadores 2023

O técnico lá no Boa Esporte era o Nedo Xavier e ele vem para cá (em 2015). Estava emprestado, voltei para o Grêmio, só treinando e recebi uma ligação para vir para o Fortaleza. Na época, ninguém falava do Nordeste, não falava do Fortaleza. 'Qual divisão?'. 'Série C'. 'Meu Deus do céu, Fortaleza, Série C, Nordeste é perigoso e tudo'... Eu não sabia de nada, não conhecia nada. 'Será que vale a pena? Ah, vou me arriscar, vamos lá'. Vim para cá e foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Se não tivesse vindo, nada que está acontecendo agora seria... Foi um dos momentos mais difíceis vir para cá, mas valeu muito a pena.

Tive que sofrer bastante aqui, aprendi muito. Estava com 21 anos quando vim para cá, torcida, pressão e eu já senti isso; no começo não joguei, depois que o Nedo Xavier foi que eu tive oportunidade com o (Marcelo) Chamusca, que aí que as coisas andaram. Antes me xingavam, o que é normal. Eu sofri bastante, mas depois as coisas andaram muito bem, a gente fez uma boa campanha na Série C, não subiu por detalhe, e eu ainda fui convocado para a seleção no Pan-Americano. Terminou muito bem para mim o ano; para o clube não, mas para mim terminou muito bem.

Lateral-direito Tinga em treino do Fortaleza no Centro de Excelência Alcides Santos, no Pici(Foto: Mateus Lotif/Fortaleza EC)
Foto: Mateus Lotif/Fortaleza EC Lateral-direito Tinga em treino do Fortaleza no Centro de Excelência Alcides Santos, no Pici

Eu tive a oportunidade de permanecer aqui, mas optei por ir para o Bahia e fui uma escolha muito boa para mim. Financeiramente era muito bom e foi de muito aprendizado. Joguei pouco, sofri bastante lá, mas valeu cada momento, cada experiência. Nunca vou falar que não valeu. Valeu a pena, aprendi muito. E nasceu minha filha lá em Salvador. Fiquei um ano e meio, consegui subir o time para a Série A jogando de lateral-esquerdo, consegui ajudar muito. Depois, no outro ano, achei que ia ficar, mas teve um monte de coisa, fiquei muito triste com o que fizeram comigo e saí, fui emprestado para o Juventude. Outra experiência também que foi difícil, mas valeu a pena. O time tinha subido da Série C para a B e se manteve, joguei poucos jogos no final, o treinador era até o (Antônio Carlos) Zago, não me utilizou não sei por que, não entendo até agora, mas tudo bem, paciência, já passou. Gosto de aprender muito com os erros e com os acertos.

Depois do Juventude, eu estava em fim de contrato com o Bahia e não sabia o que fazer. Ali foi um dos piores momentos da minha carreira, porque eu não sabia o que fazer. Terminei (a temporada) mal, assim, não estava jogando, não tinha oportunidade de nenhum lugar, mas tinha aqui. Eu e meu ex-empresário conversamos: ''Pode ser que o Fortaleza...', aí eu liguei para o Marcelo Paz, falei com ele se tinha a oportunidade de vir, e ele disse: 'Com certeza, na hora. Mas só tem um problema: tem que falar com o Rogério (Ceni)'. E financeiramente também, porque na época eles não tinham condição. Aí, o Rogério não quis, bateu o pé: 'Não, não conheço o jogador, não quero ele'. Mas aí o presidente bateu o pé, comprou a ideia. O Rogério fica doido quando eu falo isso, mas foi um dos momentos que eu vi que o Marcelo... 'Não, eu quero ele porque ele vai te ajudar, vai ajudar o clube'. E eu vim para cá. Vim em uma troca com um jogador da base, que foi para o Bahia, e eu vim para cá, abri mão de dinheiro e tudo. Foi uma das melhores decisões, depois de 2018 as coisas andaram. Conquistei tudo, então vale muito a pena.

 

OP - Você chegou a citar que sua mãe vendeu salgados para te ajudar. Ela foi a grande incentivadora da sua carreira? Quais foram as dificuldades no começo?

Tinga - Nossa, minha mãe fazia tudo. Minha mãe é meu pai e minha mãe. Eu tenho meu pai, mas ele separou da minha mãe e nunca se interessou muito por mim, de querer me ajudar a virar jogador. Mas a minha mãe fazia tudo que eu queria: 'Tu quer fazer isso? Vamos tentar, vamos atrás, não desiste, só não para de estudar'. E ela sempre ia atrás, dava um jeito. Não tinha dinheiro, aí ela ia e vendia salgadinho, sacolé, que aqui é o dindin, então ela fazia de tudo. Tudo que tu pode imaginar ela já fez: juntava latinha... Ela fez de tudo para mim, então eu sou muito grato, porque se não fosse ela, eu não estaria aqui nessa situação. O esforço que ela fez por mim não tem como retribuir, só dando muito carinho e amor.

Depois de um tempo eu fiquei meio distante dela, com viagens, agora eu sou casado, e ela ficou em Porto Alegre. E agora eu trouxe ela para cá, está morando aqui. Ela merece também estar vivendo o que eu estou vivendo. Estou fazendo esforço total por ela e pela minha família porque são meu alicerce. Tudo que eu passei e conquistei é graças a ela. Em todas as conquistas ela está aqui, então é muito bom. E ela já é idosa, tem 75 anos, mas está lúcida demais, vai aos jogos, dependendo dos horários. Ela está muito feliz aqui, com tudo que eu estou conquistando.

Lateral-direito Tinga tira foto com torcedores no jogo Fortaleza x Águia de Marabá, na Arena Castelão, pela Copa do Brasil 2023(Foto: Mateus Lotif/Fortaleza EC)
Foto: Mateus Lotif/Fortaleza EC Lateral-direito Tinga tira foto com torcedores no jogo Fortaleza x Águia de Marabá, na Arena Castelão, pela Copa do Brasil 2023

OP - E quando você percebeu que ia conseguir se tornar jogador profissional?

Tinga - Depois eu eu saí do Grêmio foi 'ou vai ou racha'. Fui para o Boa Esporte e vi que dava para ser jogador. Claro que não para chegar em um nível alto, mas sabia que ia chegar, de um jeito ou de outro. Eu me casei nessa época e tive que ficar distante da minha esposa, três meses e meio sozinho lá em Varginha, concentrado, jogando direto. E todo mundo fala que lá não é muito bom de se viver, mas foi a melhor experiência. Vivia sozinho, só ficava trancado no hotel, dormia e ia para jogo, viajava. Isso foi muito bom para o meu amadurecimento.

Muitos jogadores da minha época lá no Grêmio tinham muita qualidade e não quiseram ir junto, ficaram com medo. 'Ah, como é que eu vou para o Boa Esporte, time sem expressão', e agora não jogam mais. Imagina se eles tivessem a oportunidade de ir? Poderia ter mudado a vida deles. Acontece. Isso eu vi no Grêmio e em todos os times, que as pessoas não davam nada para mim, que eu não ia chegar, e eu fui um dos poucos que chegaram. Eu treinava muito, meu Deus do céu. Era magrinho, tentava fazer o máximo para ficar forte, mas não tinha condição, não tinha nada. Depois, no Grêmio, que as coisas melhoraram, tinha uma estrutura melhor, começava a malhar, me preparar melhor e isso foi importante para o meu andamento. Tudo isso valeu a pena.

 

OP - No ano passado, a torcida do Fortaleza fez um mosaico seu no Castelão, e você entrou em campo com sua filha na homenagem. O que significou aquele momento?

Tinga - Aquele dia foi muito especial, foi um dos melhores dias da minha vida. Ali eu vi que foi bom ser jogador de futebol. Não é qualquer jogador que consegue aquilo ali, fazerem um mosaico, a torcida gritar seu nome. Eu vejo que valeu a pena todo meu esforço, de acreditar, minha família acreditar, estar passando por aquela homenagem... Vai ficar na minha vida. Eu sou muito grato à torcida, ao clube por tudo que me deu. Sempre falo muito em gratidão, sempre agradeço antes de pedir algo.

Lateral-direito Tinga no jogo Fortaleza x Botafogo, na Arena Castelão, pelo Campeonato Brasileiro Série A(Foto: Leonardo Moreira/Fortaleza EC)
Foto: Leonardo Moreira/Fortaleza EC Lateral-direito Tinga no jogo Fortaleza x Botafogo, na Arena Castelão, pelo Campeonato Brasileiro Série A

As coisas que aconteceram naquele ano foram bem complicadas, para mim e para o clube. A gente começou bem, deu tudo certo, conseguiu o título cearense e a Copa do Nordeste, mas vinha de lesão também, não estava sendo um ano muito bom e depois vem uma lesão. Ainda joguei três jogos machucado, o pé todo... Não sei como joguei esses três jogos, ainda tive uma lesão na outra perna, aí eu disse: 'Ah, não, não dá mais. Estou atrapalhando'. A gente foi atrás para ver o que era, ninguém sabia o que era, foi um momento muito complicado, fiquei muito preocupado. Depois para fazer uma cirurgia no pé, um momento muito difícil, meus companheiros passando trabalho, perdendo os jogos, uma pressão tremenda, em último (lugar), na zona de rebaixamento... E depois dar essa reviravolta total no segundo turno. Consegui voltar e voltar bem, ainda antes teve esse mosaico.

Esperamos que tenham outros, porque minha filha fala desse mosaico até hoje. Ela adorou e vai falar daqui a dez, quinze anos desse momento. Eu tento sempre levar ela nesses momentos, de levantar o troféu, que ela adora, ficar com a medalha. Isso ela vai lembrar para a vida toda e não tem coisa que pague, o carinho da minha família, da minha filha. Ela adora vir para cá (sede do clube), sempre que dá um tempo, quando não tem aula, eu trago ela para cá, ela brinca. Ela adora o Fortaleza. Isso é uma das coisas que o clube faz bem: acolhe a família toda. Esperamos fazer mais história. Agora eu quero muito mais. Achei que tinha parado, mas agora é fazer tudo de novo.

Nunca sonhei em ser ídolo; sempre sonhei em ser jogador de futebol, jogar em um grande time, ter uma torcida, jogar com muito torcedor (no estádio). Era isso que eu sonhava, não em ser ídolo de uma torcida. E isso está vindo de bônus. Eu deixo isso para depois e só penso em jogar, ajudar o Fortaleza a vencer os jogos.

OP - Você se considera ídolo do Fortaleza?

Tinga - Não (risos). Ainda não, ainda não. As pessoas falam muito. Eu sempre falo que eu só vou ser ídolo depois que eu parar e ver o que conquistei, o que atingi, quer as coisas aconteceram. Depois eu vou ver. Agora eu sou mais um, tenho que batalhar todo dia. As pessoas vêm tirar foto, e eu tento dar atenção para todo mundo porque eu já fui torcedor e sei a diferença. Já recebi muitos 'não' de jogadores tentando tirar foto, e isso me deixou muito triste. Tento sempre dar atenção para todo mundo porque sei o quanto dói no torcedor, sofre muito com o 'não' de um jogador, de querer tirar uma foto e o jogador passar reto. Eu tento sempre fazer diferente, dar o exemplo. Nunca sonhei em ser ídolo; sempre sonhei em ser jogador de futebol, jogar em um grande time, ter uma torcida, jogar com muito torcedor (no estádio). Era isso que eu sonhava, não em ser ídolo de uma torcida. E isso está vindo de bônus. Eu deixo isso para depois e só penso em jogar, ajudar o Fortaleza a vencer os jogos.

 

OP - Nas conversas com jogadores de outros clubes, vocês ouvem perguntas sobre o trabalho do Fortaleza?

Tinga - Todo mundo fala. É impressionante. A grandeza do Fortaleza está em um nível muito alto, mudou o patamar totalmente. É impressionante, todo mundo fala. Quando estava no momento de muita dificuldade, todo mundo falava: 'Vocês vão sair (da zona de rebaixamento), vocês estão jogando muito bem, o time de vocês é muito bom. Não sei como estão perdendo, mas as coisas vão virar'. E a gente sempre acreditava nisso também. Tem muito jogadores que eu nem conheço que falam: 'Pô, o time de vocês é muito bom, vocês estão jogando muito. Parabéns'. Elogiam o Vojvoda, elogiam o time todo. A gente fica muito feliz com isso, pelo reconhecimento de todos.

Tinga joga desde os sete anos de idade.(Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal Tinga joga desde os sete anos de idade.

Ano passado, depois de tudo que aconteceu, a gente conseguiu conquistar uma (vaga na) Libertadores, ninguém acreditava. Um feito que poucos times vão fazer, nós também não vamos fazer isso e nem vamos deixar acontecer mais também, de terminar o primeiro turno na lanterna e depois conquistar uma (vaga na) Libertadores.

Agora a gente é exemplo. Muitos diretores de outros times vêm aqui só para ver o porquê o Fortaleza está desse jeito. Aí eles veem o campo, a estrutura, o hotel, a cozinha, o que está melhorando... Tudo mundo quer ser igual ao Fortaleza agora, e isso é muito bom. É um exemplo bom. A gente tenta sempre melhorar. O que a diretoria está fazendo é impressionante. Conseguiu mudar o patamar do clube financeiramente, de estrutura. Agora todo mundo vem aqui sabendo que vai receber em dia. Tem muitos times grandes agora que estão sem pagar. E tem muitos, muitos mesmo, eu fico impressionado. Aqui os caras estão pagando em dia, são corretos, falam na cara, a torcida ajudando...

A torcida que paga. Tem gente que não tem nem condições de comprar uma comida, mas economiza para ir para os jogos. A gente tem que dar valor para esse torcedor, que valoriza tanto o clube. Quando a gente entra em campo, tem que pensar neles e é o que a gente faz, para dar uma alegria no final de semana, para a pessoa chegar feliz na segunda-feira no trabalho. A gente tenta fazer isso por todos, não só por nós, jogadores, para o nosso bem. Tem que fazer o bem por todo mundo e todo mundo fica feliz.

FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 14-04-2023:Entrevista para as Páginas Azuis com o jogador Tinga, do Fortaleza no Pici. (Foto: Samuel Setubal)(Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 14-04-2023:Entrevista para as Páginas Azuis com o jogador Tinga, do Fortaleza no Pici. (Foto: Samuel Setubal)

OP - Ao longo da entrevista, você falou sobre Rogério Ceni e Vojvoda, dois treinadores históricos no Fortaleza. O que eles representam na sua carreira?

Tinga - O Rogério foi um dos caras que mais me ajudaram aqui. No momento em que eu estava amadurecendo, ele que puxava firme, falava para melhorar, concentração. Sem ele, eu não estaria jogando no nível que eu estou, foi um cara que me ajudou muito. Ele forçava, falava, era mandão, queria que fosse do jeito dele. Quando a gente treinava de manhã e ia meio mole, ele já começava a xingar, e a gente entendia ele, ele começou a entender a gente. Ele sempre fazia isso para o nosso bem, a gente entendia isso, que ele cobrava muito para a gente melhorar. Nos treinamentos, quando a gente fazia o que ele pedia, nos jogos ficava muito fácil. Isso foi determinante para o sucesso do Fortaleza de 2018, de 2019, que ninguém achava que a gente ia permanecer (na Série A) e a gente fez uma campanha muito boa. Eu sou muito grato ao Rogério.

Ele saiu, depois voltou, e a gente sempre estendeu a mão para ele porque era um cara que ia nos ajudar, de um jeito ou de outro. Ele entendia isso também. Sempre quando a gente se encontra, ele quer saber como está aqui. A gente fica muito feliz pelo que ele fez aqui por nós, nos ajudou muito. Ele foi um dos que começou o projeto de melhorar a estrutura da base, lá em Maracanaú, de melhorar aqui (no Pici), vinha cedo, começava a planejar com o Marcelo (Paz). Muitas dessas coisas aqui são graças a ele também. Eu sou muito grato a ele, me ajudou muito. E eu não era titular absoluto, mas entrava direto, então não me preocupava muito com a titularidade, me preocupava em ajudar o clube e ele. Nosso grupo era muito forte, 2019, 2020.

O jogador Tinga, do Fortaleza no Pici. (Foto: Samuel Setubal)(Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal O jogador Tinga, do Fortaleza no Pici. (Foto: Samuel Setubal)

E o Vojvoda... Poxa, o Vojvoda é um cara impressionante. Um cara família, honestíssimo, justo. Quando ele chegou, na segunda fase do Cearense (de 2021), veio falar comigo que estava pensando em mudar a formação, jogar com uma linha de três (zagueiros). E eu pensei: 'Tudo bem, vou jogar de ala, né?' (risos). 'Tu vai ser o terceiro zagueiro'. 'Terceiro zagueiro? Não, tranquilo, eu faço'. E a gente foi melhorando, ele me mostrava vídeo direto, a comissão toda, de como um terceiro zagueiro joga, como sai, como marca, a saída de bola... E eu fui vendo: 'Nossa, é muito bom jogar aqui, vale a pena. Corre menos, está sempre inteiro, sempre com a visão total do jogo, difícil de errar passe', então eu gostei bastante. Ainda tenho o jogo aéreo bom, então de zagueiro dá para me virar.

Em 2021 não me machuquei, conseguir ter uma sequência muito boa, fui um dos jogadores que mais jogou no Brasileiro. Foi muito bom, aprendi muita coisa com o Vojvoda. E no ano passado, quando tinha a possibilidade de ele sair, eu fui conversar com ele: 'Não, tu não pode sair agora, vamos ficar'. E ele ficou, fiquei muito feliz. É um cara que já teve tantas propostas e decidiu ficar. Nem é pelo dinheiro, mas pelo grupo, pelo trabalho, ele gosta de terminar um ciclo. Por isso que eu escuto muito ele. É um cara determinante na minha carreira, me ajudou muito e nesse momento ajudou muito mais. Ele sempre falava: 'Tinga, tu é o capitão, mas tem que jogar, tem que correr, senão vai ficar no banco. Precisa mostrar nos treinamentos que tu merece'. E isso é muito bom.

Ele fala a verdade para o jogador, é um cara muito correto, então não tem como ficar bravo com ele. Nenhum jogador fica bravo quando ele substitui ou troca, ele gosta bastante de trocar, revezar. Os jogadores novos estavam entendendo: 'Joguei um jogo e no outro eu não joguei, não entrei', mas é o normal dele, ele sempre faz isso. Depois de um tempo acostuma, o jogador começa a entender. Uma peça importante tem que estar sempre ligada. Tem jogador que não vai jogar amanhã, mas no outro vai ser titular. Ele dá essa condição para o atleta estar sempre se preparando, e isso é bom para o jogador. 'Não joguei, beleza, mas no outro eu vou estar'. E é isso que acontece. Ele é um cara muito correto, esperamos que ele permaneça muito tempo aqui também para nos ajudar.

O jogador Tinga, do Fortaleza no Pici. (Foto: Samuel Setubal)(Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal O jogador Tinga, do Fortaleza no Pici. (Foto: Samuel Setubal)

OP - O Brasileirão é a principal competição do ano para o clube. O que fazer diferente desta vez em relação ao ano passado?

Tinga - Nossa expectativa é muito alta. Muito alta para nós, jogadores. Sabemos que o ano passado foi bem difícil, bem complicado. Claro que se pensar no final do ano foi maravilhoso, mas a gente não quer mais passar por aquilo que passamos, três, quatro meses na zona de rebaixamento, jogando e perdendo. A gente não quer mais passar por isso, por isso que o time investiu, a comissão técnica pediu mais jogadores para ter essa dinâmica de mudar e não diminuir a força da nossa equipe. Nosso time está muito forte, nosso grupo é muito forte. Sai um, entra outro e a qualidade fica igual. A gente sabe que esse ano não vai passar dificuldade de jogadores, porque quem entrar vai dar conta do recado, e a gente pode focar em cada campeonato. A gente não vai pensar na Sul-Americana agora e no Brasileiro só depois; a gente já vai pensar desde o começo, coisa que a gente não fez ano passado. (...) A gente tem que pensar em permanecer primeiro, chegar naqueles 45 pontos mágicos. A gente precisa pensar jogo a jogo. Agora vai ter uma maratona e só paramos em junho, acho. Vão ter três competições.

O Fortaleza me deu tudo: oportunidade de jogar, uma vida, uma família. Aqui é uma família, eu me sinto em casa.

OP - O que o Fortaleza representa na sua vida?

Tinga - Tudo. Tudo. Sempre falei que eu não sou nada sem o Fortaleza. O Fortaleza me deu tudo: oportunidade de jogar, uma vida, uma família. Aqui é uma família, eu me sinto em casa. Eu sou sempre um dos primeiros a chegar, eu gosto de ficar aqui. Gosto de vir antes, conversar com todo mundo, cumprimentar todo mundo. Eu gosto daqui, me sinto bem, e isso é muito bom. Não é um trabalho forçado. 'Ah, tenho que acordar cedo, tenho que ir'. Não, eu venho feliz para cá. Não é um trabalho, é uma coisa que eu amo. É prazeroso vir aqui todos os dias, vestir a camisa do Fortaleza, treinar, jogar. Esperamos que minha vontade de jogar seja até o final da carreira e que a gente consiga conquistar muitos títulos.

 

 
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