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Para manter boa alimentação é necessário ter rotina
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Para manter boa alimentação é necessário ter rotina

Nutricionista alerta para os riscos do consumo de alimentos processados e industrializados. A dica é investir mais na produção caseira
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Os alimentos são capazes de modificar nosso humor e mexer no nosso corpo como um todo (Foto: Getty Images)
Foto: Getty Images Os alimentos são capazes de modificar nosso humor e mexer no nosso corpo como um todo

A pandemia causada pelo novo coronavírus colocou a vida das pessoas de pernas para o ar. Com regras de isolamento e distanciamento social, todos tiveram que se adaptar em vários aspectos, como na forma de se comunicar, trabalhar e vivenciar o dia a dia. Dentre as muitas rotinas que foram impactadas, está a da alimentação.

"Um dos aspectos que mais mudou no mundo após a pandemia foi o sono e ele impacta diretamente na nossa alimentação. Inicialmente, no princípio da quarentena, as pessoas comeram absurdamente, principalmente preparações ricas em carboidratos e açúcares. Era um extremo processo de ansiedade e foi refletido dessa forma", analisa a nutricionista clínica, esportiva e funcional Suzana Araújo.

Embora muitas pessoas não tenham cuidado da maneira certa da alimentação, ainda há tempo de se mudar isso, e o primeiro passo é estabelecer uma rotina. "Não precisamos ter horários tão rígidos, mas precisamos estabelecer uma rotina de atividades. Ter, em média, o horário para as refeições, que vai dormir, pois o ser humano precisa de regras. Nessa quarentena, tem ficado tudo solto, o que gera mais estresse e mais ansiedade", observa Suzana, que recomenda ainda o banho de sol e exercícios de passatempo para preencher o dia com atividades positivas.

A nutricionista clínica ortomocelular Melina Almeida concorda com a necessidade de estar atento ao que fazemos ao longo do dia. "Embora eu entenda que os horários estejam trocados, o que estou fazendo para minimizar os impactos desse período? Outro ponto é que vivemos na filosofia da praticidade enquanto isso não se encaixa mais hoje. Hoje temos tempo para produzir nossos próprios alimentos e a busca pelo processado e industrializado cresceu muito, mas tem nos adoecido bastante pela quantidade de corantes e conservantes nesses produtos ", alertou.

 

O que a boa nutrição requer

Alimentação para bom sono

Uma confortável noite de sono anda de mãos dadas com uma alimentação regrada e a nutricionista Suzana exemplifica como podemos aliar os dois. "Precisamos, a partir das 16 horas, começar a controlar a ingestão de alimentos estimulantes. Evitar consumir chocolate, café, bebidas energéticas. Na noite, você pode fazer chás, como de melissa, mulungu por volta das 19 horas. Kiwi, podemos consumir até dois. Podemos ainda melhorar a ingestão de magnésio, que é um mineral que promove relaxamento e isso nos faz dormir melhor. Consumir vegetais verdes escuros, castanhas, sementes", destaca.

Invista em substituições

Atrelado ao bom sono, a nutricionista Melina aponta substituições como um dos pontapés para quem busca uma alimentação mais regrada. "Se come muito açúcar, docinhos, substitua por coisas que lhe remeta a esse paladar. Use, ao longo do seu dia, chás relaxantes que controlam a ansiedade, pois esse é o primeiro passo para aderir a um plano. Se come arroz, troca por uma batata doce, faz um purê", disse.

Reaprender a comer

Assim como há o extremo de compulsão, há a perda do apetite. "A orientação é fracionar, ao máximo, o número de refeições. Se não querem comer um grande volume, tentem adicionar duas a três refeições extras, um lanche feito com frutas, com uma qualidade proteica como o ovo ou um iogurte de boa qualidade, o consumo de castanha e sementes. Fazer lanches pequenos, mas que comer não se torne obrigatório ou mandatório", elege Suzana.

Buscar alimentos frescos

E dentro da ideia de reaprender a se alimentar, a nutricionista Melina sugere a busca por alimentos naturais. "Ir ao supermercado para buscar frutas, legumes e vegetais de maneira fresca. Trocar os artificiais pelos integrais e pela batata doce, inhame, abóbora, substituir o arroz e consumir até mesmo as raízes, que ajudam a modular o intestino, a saciedade e não vão contribuir para aumentar minha glicose e nem minha insulina e vão me deixar num bom estado de saúde. Hoje isso é importante", salienta.

Absorção de vitamina D

Uma boa maneira de iniciar o dia cuidando da sua nutrição é se expor ao céu e isso pode ser feito mesmo da janela de casa ou apartamento. "Só esse azul do céu, a claridade que vem junto é o suficiente para começarmos a produção dos hormônios do bem-estar e começarmos a ritmar nosso relógio biológico. Quando pensamos na síntese da minha vitamina D, temos que tentar uma exposição ao sol até começarmos a ficar levemente corada. Você pode colocar seu pé numa brecha de sol", recomenda Suzana.

 

Kymyer Ávila, estudante de veterinária
Kymyer Ávila, estudante de veterinária

Tempo para o veganismo

Enquanto para algumas pessoas a quarentena tornou-se um momento de descuidar da alimentação, para outras foi o pontapé para avançar em relação a isso. Vegetariana há 21 anos, a estudante de veterinária Kymyer Ávila encontrou num projeto de transição para o veganismo uma âncora para este momento de pandemia.

"Sempre me botava desculpas quanto a virar vegana, mas a quarentena chegou e, com as exclusões e a rotina do dia a dia, me vi muito sofrida e sem projetos, já que parou tudo. Foi o momento em que eu falei para mim mesma que precisava de um projeto diferente e pensei", relatou.

Enxergando o veganismo não só como uma dieta, mas como um estilo de vida, Kymyer destaca que o tempo disponibilizado pelo isolamento social tem sido ponte para que ela cuide da alimentação com mais facilidade. "A rotina corrida dificultava na organização da alimentação. Muitas vezes a refeição se tornava pobre, pois eu tinha que comer algo na faculdade. Com a quarentena, tenho tempo para pesquisar alimentos, olhar a qualidade, procurar quem vende orgânicos de maneira mais barata, tenho tempo de higienizar e de organizar na geladeira."

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