Aparecimento de estrias, fertilidade, menstruação e até o tecido da calcinha que uma mulher escolhe usar passa por um pré-conceito da sociedade que, a todo custo, quer interferir em algo que nem lhe diz respeito. Para além disso, a saúde feminina é rodeada de mitos e suposições que, anteriormente, faziam sentido, mas, com o avanço da ciência, caíram por terra.
Em 1946, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu a saúde como estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas como a ausência de doença ou enfermidade — e por esse motivo ela deve ser sempre uma pauta em evidência e não somente quando algo “aperta”.
De acordo com a ginecologista e obstetra Mabelle de Freitas, as mulheres seguem um histórico de maior preocupação quando o assunto é saúde, ao contrário dos homens.
“A mulher, em todas as fases da vida, passa por alterações fisiológicas (esperadas e normais) em seu corpo. Por exemplo, desde o início da puberdade, quando ainda menina, começa a perceber mudanças, como surgimento do broto das mamas, crescimento de pelos e menstruação”, explica a médica.
Mabelle pontua ainda que educação em saúde nessa faixa etária é essencial, "pois promove qualidade de vida, autoconhecimento e diminuição de sentimentos contrários ao seu corpo”.
Quando o assunto é menstruação, existe aquele mito de que quando as mulheres passam muito tempo juntas, os ciclos menstruais delas sincronizam, assim como também existem boatos sobre a interferência na fertilidade com o uso precoce de anticoncepcionais.
Na verdade, não há nada cientificamente comprovado quanto à questão da sincronização do ciclo menstrual de mulheres que convivem. A ginecologista Mabelle de Freitas pontua que, na verdade, o ciclo menstrual sofre influência de alguns fatores como a alimentação. “Mulheres que convivem na mesma casa, com alimentação semelhante e expostas a situações de estresse semelhantes, apresentam período menstrual próximos.”
Em relação ao uso da pílula anticoncepcional, ela comenta que o método contraceptivo não tem interferência nenhuma na fertilidade. “O uso de qualquer método hormonal não diminui nem aumenta a fertilidade da mulher. Contudo, se essa mulher tiver doenças como endometriose ou síndrome dos ovários policísticos, o hormônio pode mascarar os sintomas e, ao retirar o método para engravidar, a doença em si interfere na fertilidade. Porém, o culpado é a doença, e não o hormônio em si”, diz.
Falar de fertilidade feminina é um assunto delicado, pois há uma pressão muito grande quando o assunto é gravidez. E essa pressão ainda é muito maior em cima de mulheres diagnosticadas com endometriose ou síndrome do ovário policístico.
A médica ginecologista e especialista em medicina reprodutiva, Lilian Serio, aponta que essas doenças podem, sim, atrapalhar, mas não impedem as mulheres de engravidar.
“30% das mulheres que têm endometriose vão ter alguma dificuldade para engravidar. A síndrome dos ovários policísticos, na maioria das vezes, as mulheres que vão ter dificuldade de engravidar são as que têm a menstruação irregular. Muitas vezes, as mulheres que têm ovário policístico ficam meses sem menstruar, significa então que elas não ovulam e se elas não ovulam, não engravidam”, explica a médica.
Vale ressaltar que há tratamento tanto para a endometriose como para a síndrome do ovário policístico. É necessário buscar um profissional de saúde para que ele possa dar o diagnóstico com mais exatidão.
- A fertilidade feminina diminui a partir dos 35 anos?
Verdade. A diminuição ocorre a cada ano, porém essa queda é mais exponencial por volta dos 35 anos.
Explicação: Mulheres nascem com uma quantidade pré-determinada de óvulos. Desde que nascem estão perdendo óvulos, mesmo antes da primeira menstruação. Quando começa a menstruação, continuam perdendo. Ovulam um óvulo e perdem em média 200/300. Depois dos 35 anos, perdem óvulos mais rápido, em média 500 óvulos. Por isso que a partir dessa idade a qualidade dos óvulos começa a piorar. E aí vai começar a diminuir cada vez mais rápido.
- Virgens não podem usar absorvente interno?
Mito.
Explicação: As mulheres virgens podem sim usar o absorvente interno. Obviamente que tem que ser o pequeno ou um mini. Mas a vagina tem uma abertura que, inclusive, é por onde sai a menstruação. O hímen, ele é só uma pele ao redor da entrada da vagina. Então, pode, sim, colocar absorvente, não vai perder a virgindade por isso e tem essa aberturinha natural que cabe ao absorvente lá.
- Dormir sem calcinha faz bem para a saúde íntima?
Verdade.
Explicação: A vagina precisa respirar, vamos dizer assim. O abafamento excessivo da vagina aumenta o número de bactérias e pode aumentar o número de fungos na vagina, causando infecções. Então, em algum momento do dia, é muito importante que as mulheres deixem a vagina respirar, mas é sem tanta roupa apertada, sem calcinha. A hora mais fácil normalmente é a hora de dormir, dormir sem calcinha mesmo ou, se preferir, não consegue dormir sem calcinha, pode colocar um short de malha bem folgadinho.
- Absorvente diário ajuda a manter a higiene?
Mito.
Explicação: Tudo o que abafa a vagina, prejudica a flora vaginal. Então, o absorvente diário é ruim porque abafa muito a vagina e, com a quentura, a falta de oxigenação no local, é propício o aparecimento de fungos e bactérias e causa inflamações, ou seja, não melhora em nada a higiene e ainda prejudica a flora vaginal.
- Existe um tipo de sabonete próprio para a higiene íntima ou o recomendado é apenas a água corrente?
Mito. Pode lavar somente com água. Se preferir sabonete, usar um sabonete neutro.
Explicação: A vagina tem uma acidez, ela tem um PH que é um pouco mais ácido. Então não existe um sabonete melhor para vagina do que o sabonete neutro, ou seja, que não vai alterar a acidez da vagina. Porque qualquer alteração na acidez pode provocar aparecimento de fungos, bactérias que vão causar inflamação. O melhor sabonete é o neutro, que não vai interferir na acidez da vagina. Sabonetes de higiene íntimo tentam mimetizar a acidez da vagina, mas na verdade deixam a vagina mais ácida do que é o normal.
- Após fazer xixi, o recomendado é sempre lavar a região íntima?
Mito.
Explicação: Molhar excessivamente a vagina, várias vezes ao dia, deixa a vagina mais úmida do que o normal e também lavar muitas vezes a região diminui a quantidade das bactérias que são os lactobacilos, o que acaba alterando a flora vaginal. Além disso, a umidade também propicia o aparecimento de fungos, que costuma dar muita coceira, ardência na vagina e pode dar corrimento. É importante sempre fizer o xixi secar, deixar mais seca a vagina do que úmida. Então, só o papel higiênico é o suficiente.
Fontes: Médicas Mabelle de Freitas e Lilian Serio.
Mitos e Verdades da saúde feminina
- A fertilidade feminina diminui a partir dos 35 anos?
Verdade. A diminuição ocorre a cada ano, porém essa queda é mais exponencial por volta dos 35 anos.
Explicação: Desde que nascem, mulheres estão perdendo óvulos. Depois dos 35 anos, perdem óvulos mais rápido.
- VIRGENS NÃO PODEM USAR ABSORVENTE INTERNO?
Mito.
Explicação: As mulheres virgens podem sim usar o absorvente interno. O hímen é só uma pele ao redor da entrada da vagina.
- Dormir sem calcinha faz bem para a saúde íntima?
Verdade.
Explicação: O abafamento excessivo da vagina aumenta o número de bactérias e pode aumentar o número de fungos, causando infecções.
- Absorvente diário ajuda a manter a higiene?
Mito.
Explicação: O absorvente diário é ruim porque abafa muito a vagina e pode propiciar o aparecimento de fungos e bactérias.
- Existe um tipo de sabonete próprio para a higiene íntima ou o recomendado é apenas a água corrente?
Mito. Pode lavar somente com água. Se preferir sabonete, usar um sabonete neutro.
Explicação: A vagina tem PH ácido. Qualquer alteração na acidez pode provocar aparecimento de fungos e bactérias.
- Após fazer xixi, o recomendado é sempre lavar a região íntima?
Mito.
Explicação: Molhar excessivamente a vagina, várias vezes ao dia, e também lavar muitas vezes a região pode alterar a flora vaginal. É importante sempre após o xixi secar a vagina.
Fontes: Médicas Mabelle de Freitas e Lilian Serio.