O quadro está posto: dez candidaturas sortidas em propostas e alternativas para o gosto de cada um, que não pode reclamar de falta de variedade (contém ironia), salvo se se considerar que, dessa dezena, apenas dois nomes são de mulheres, contrariando a maioria estatística que o gênero ocupa e comprovando que, a depender dos partidos, esse quadro não deve se alterar tão cedo.

Acrescente-se que, do conjunto de postulantes, figura somente um negro, o que torna a lista particularmente representativa de quem, no Brasil, está realmente em condições de lançar-se numa disputa como essa - homens, brancos, na casa dos 50 anos e com patrimônio na escala do milhão.

À parte esse pecado original, que faz da lista de concorrentes em Fortaleza uma síntese vergonhosa de nossas dificuldades como sociedade, o cardápio tem de tudo: esquerda, direita, centro-direita, centro-centro e centro-esquerda. Confrontado com esse menu, o eleitor é convidado a escolher - convidado é modo de dizer.

Daqui para frente, segue-se o jogo de hábito: plataformas que são contrastadas, debates, troca de amabilidades, propaganda, riso, aperto de mão e golpe abaixo da linha da cintura. O governismo é uma força por si: à máquina municipal, soma-se a estadual, sem falar no comando das duas casas legislativas.

A oposição chega como se sabia que chegaria: dividida. Entre um e outro, há o imponderável humor eleitoral, que não se imagina que direção tomará, se de manutenção ou mudança - e qual mudança. É cedo ainda para aferir esse sentimento, mas, quem souber captá-lo primeiro numa corrida de tiro curto, partirá com vantagem.