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O circo de Arthur Lira
Farol

O circo de Arthur Lira

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Votação da PEC dos Precatórios (Foto: Reprodução/TV Câmara)
Foto: Reprodução/TV Câmara Votação da PEC dos Precatórios

Picadeiro Enquanto o presidente da República chamava a Torre de Pisa de "Torre de Pizza" e confundia John Kerry com Jim Carrey, outro presidente, o da Câmara, armava o picadeiro para o seu circo de truques e chicanas regimentais a fim de aprovar a PEC dos precatórios - ou PEC da reeleição, do fura-teto, do "emendaço" ou que outro nome se queira dar à proposta desavergonhada cuja prioridade é assegurar folga de R$ 90 bilhões no orçamento para que Jair Bolsonaro tente alcançar novo mandato na esteira do Auxílio Brasil de R$ 400.

Mas não apenas: a PEC também garante mais emendas de relator para deputados favoráveis à proposta, de modo que o parlamentar que desejasse votar favoravelmente à medida tinha como estímulo o fato de que estaria engordando o próprio caixa para 2022. Isso mesmo, o negócio foi escancarado: congressistas recebendo emendas para votar projeto que amplia a verba para emendas, num círculo vicioso, tudo às claras, sob a batuta de Lira e conivência de partidos que têm candidatos a terceira via, como PDT, PSDB, Podemos e outros. Verdade que o chefe da Câmara manobrou, terraplanou o regimento, atropelou regras e fez o governo abrir o cofre - R$ 900 milhões apenas nos dois dias que antecederam a sessão.

Mas Lira não aprovou a PEC sozinho. Para tanto, contou com ajuda preciosa dessas legendas, parte das quais de esquerda, muitas de oposição a Bolsonaro. O deputado do PP comandou uma vitória no primeiro turno, aprovando a mudança por margem de quatro votos - o mesmo número de "sim" da bancada do Ceará. Caso tenha êxito no segundo turno, marcado para terça que vem, e a proposta passe no Senado, o Congresso estará constitucionalizando um expediente escandaloso que, noutras circunstâncias, teria ensejado um processo de impeachment.

Mas os tempos são outros. Neles, o TCU é amigo e a PGR, um braço do Governo. Sendo assim, o que se viu na madrugada de quinta-feira (4) foi apenas o Legislativo operando segundo os velhos critérios do toma lá, dá cá, mas agora num modo turbinado e sob pressão da popularidade em queda do chefe do Executivo.

 

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