O ex-ministro e presidenciável Ciro Gomes (PDT) confirmou, nesta sexta-feira, 26, ter participado de um jantar em Brasília que contou com a participação do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, e do deputado Luciano Bivar, presidente nacional do União Brasil. Lideradas por ACM Neto, as conversas aconteceram na última quarta-feira, 23, e serviram de ensaio para uma possível aproximação entre o pré-candidato do PDT ao Palácio do Planalto e o União Brasil, fruto da fusão entre PSL e DEM. Na ocasião, também esteve presente Carlos Lupi, presidente do PDT.
"Nós jantamos com o presidente Luciano Bivar, do União Brasil, e o secretário executivo ACM Neto. Fizemos uma análise em comum da vida brasileira, consideramos que a crise pede um diálogo entre forças diferentes para libertar o Brasil dessa polarização odienta que está nos amarrando ao passado na radicalização", disse o pedetista.
Segundo Ciro, outros encontros devem acontecer logo após o período das janelas partidárias, que se encerram no dia 1º de abril. "Nós faremos uma nova reunião em direção a marchamos juntos na sucessão federal", afirmou. Em busca de uma candidatura própria à Presidência da República, o UB já considerou um eventual apoio à pré-candidatura de Sérgio Moro (Podemos). Atualmente, a legenda participa de entendimentos com o MDB e o PSDB.
Durante participação do XXIV Congresso Nacional do Ministério Público, no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza, o senador Cid Gomes (PDT) também falou sobre o jantar. O parlamentar, no entanto, deixou claro que o evento discutiu, exclusivamente, o cenário nacional. "Não tem nada a ver com a questão local. Tem a ver com o cenário nacional. Exclusivamente. É uma conversa do Brasil, onde o Ceará não foi feito referência", disse.
No Ceará, após uma série de acordos, a presidência do União Brasil ficou com o pré-candidato ao governo estadual, Capitão Wagner, opositor de Ciro e do seu grupo político, representado hoje também pela gestão do governador Camilo Santana (PT). Sobre as tensões entre PDT e UB em nível estadual, o presidenciável disse esperar que os "problemas locais" sejam respeitados a fim de não impedir "um "diálogo maior pelo Brasil". A reportagem procurou o Capitão Wagner para ouvi-lo acerca da questão, mas não teve retorno até o fechamento desta página.
Apesar de já ter sinalizado que não vai garantir palanque exclusivo para a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), adversário de Ciro Gomes na campanha presidencial, Wagner esteve próximo ao chefe do Planalto nos últimos eventos em que veio ao estado e chegou a dizer que deve apoiar sua reeleição. Ao acompanhar a entrega da Medalha da Abolição, na noite de sexta, Ciro afirmou que o presidente da República e Wagner são "rigorosamente farinha do mesmo saco".
"-Há uma absoluta coerência nisso. Qual é a obra do 'capetão' aqui no Ceará? Liderou dois motins em que 300 pessoas foram assassinadas em uma noite", bateu o ex-ministro. "Essa é a obra dele", disse o ex-ministro. (Colaborou Carlos Holanda)