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DENÚNCIA NO MEC. Sucessor de Abraham Weintraub no Ministério da Educação (MEC), o pastor Milton Ribeiro é o desfecho com chave (e barra) de ouro do governo Bolsonaro na área. Ao longo de quase quatro anos, sucederam-se quatro nomes à frente do posto: além da dupla já referida, o não menos controverso Ricardo Vélez Rodríguez, demitido pouco mais de três meses depois de ter assumido após enviar carta às escolas na qual exigia que os estudantes repetissem o slogan de campanha do agora presidente. Sua passagem pela pasta, embora breve, foi marcada ainda pela tentativa de rasurar a história, reescrevendo os livros didáticos e apagando o que realmente haviam sido os governos militares: uma ditadura sangrenta.
Em seu lugar assumiria o economista Weintraub, aquele que não consegue diferenciar Kafka, o autor clássico, de "cafta", a iguaria culinária. Voluntarioso e hábil com barras (de chocolate), elevou o sarrafo do ridículo, já testado pelo antecessor, o colombiano especializado em pensamento brasileiro para quem os brasileiros eram "canibais" e "ladrões" de objetos nos hotéis onde se hospedavam. Weintraub não fez por menos. Congelou recursos das universidades federais e se mostrou ignorante quanto à pesquisa acadêmica nacional ao acusar estudantes e professores de promoverem balbúrdia. Como prova extra de suprema incompetência, quase afundou um caso de sucesso do país, o Enem. Posto para fora, passou a inimigo dos bolsonaristas, e hoje é visto bodejando pelas redes, mais nanico do que já era.
Por razões óbvias, o próximo na chefia do MEC teria de se esforçar para superar a tragédia na esteira daqueles que o haviam antecedido, o que inclui o falso currículo de Carlos Alberto Decotelli da Silva, defenestrado do ministério em razão de mentiras em série acerca da própria formação. O pastor Ribeiro, ora investigado pela PF e sob ameaça de cair, não se limitou a encenar patacoadas, contudo. Ambicioso, foi além: converteu o MEC em balcão de negociatas, empossando atravessadores sem cargo nem mandato que, pastores como ele, beneficiavam-se do livre acesso a recursos para construção de escolas, indicando aliados em troca de um naco.