Já faz tempo que o brasileiro percebeu que o carrinho no supermercado está ficando mais vazio, ainda que o valor desembolsado para a compra seja o mesmo ou até maior. Abastecer o carro com R$ 50 de gasolina? Quase nem faz diferença no ponteiro do medidor.
Uma ida à farmácia? Melhor comprar junto também um calmante para dar conta da alta dos medicamentos. Não à toa, hoje já se fala até em liberação de FGTS (sim, aquele mesmo que é usado para financiar a casa própria) para ajudar mães a pagarem a creche.
Tudo está mais caro. E não é força de expressão. A inflação atingiu em abril 1,06%, a maior alta para o mês em 26 anos. No comparativo de 12 meses, chegou a 12,13%, quase o dobro do percentual de um ano atrás (6,76%).
E uma das consequências de uma inflação persistente é a alta da taxa básica de juros, que hoje já está em 12,75% ao ano. Há um ano, era de 3,5%. Porém, crédito mais caro, onde o nível de endividamento das famílias já está em patamar recorde, não significa outra coisa a não ser mais arrefecimento do consumo. Isso em um contexto onde a retomada da economia ainda ocorre a passos lentos e o rendimento médio do trabalhador cearense caiu 3,5%, segundo a Pnad.
O que nos traz um alerta claro para os riscos de algo ainda pior que uma inflação desenfreada: uma estagflação, que é quando, além da alta generalizada dos preços, a atividade econômica desaquece e o desemprego aumenta.