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Brasil treme com a chegada de uma onda de frio
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Brasil treme com a chegada de uma onda de frio

Brasília registrou a temperatura mais fria de sua história
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Massa de ar frio e baixa umidade são desafios para saúde dos brasilienses (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil Massa de ar frio e baixa umidade são desafios para saúde dos brasilienses

Os casacos e cachecóis saíram do fundo dos armários no Brasil, que vive uma onda de frio incomum para um mês de maio e que oferece perigos para as milhares de pessoas em situação de rua e também para as lavouras.

Com 1,4ºC, Brasília registrou nesta quinta-feira (19) a temperatura mais fria de sua história, embora o inverno só comece oficialmente no final de junho.

Na página principal do site do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), um mapa do Brasil mostra toda a metade sul na cor laranja, com a legenda: "Onda de frio (perigo)".

Em São Paulo, a maior megalópole da América Latina, o termômetro marcou 6,6 °C na quarta-feira, um recorde para um mês de maio desde 1990, com sensação térmica de -4°C.

A queda brusca e incomum da temperatura deve-se à ação do ciclone Yakecan, com uma "trajetória anômala", que arrastou uma corrente de ar da Antártida e "se espalhou pelo interior da América do Sul", explicou à AFP Estael Sias, meteorologista da agência Metsul.

Um sem-teto de 66 anos morreu enquanto esperava na fila em um centro de distribuição de alimentos de São Paulo. Segundo informações da imprensa, ele havia passado a noite na rua.

A prefeitura de São Paulo anunciou a abertura de 2.000 vagas adicionais em abrigos de emergência, aumentando a capacidade total para pouco mais de 17.000.

Mas a capital econômica do país tem cerca de 32.000 pessoas em situação de rua, o dobro do que havia em 2015 e 31% a mais do que há três anos, antes da pandemia de coronavírus.

Com uma temperatura mínima em torno de 12°C na quinta-feira no Rio de Janeiro, a cidade ainda está longe de ver uma invasão de pinguins na praia de Copacabana, mas muitos cariocas tiraram seus suéteres grossos do armário, inclusive as parkas.

Atrativo turístico

Em Santa Catarina, que há vários dias registra temperaturas abaixo dos 2°C, a neve fez a festa dos turistas.

Segundo a Folha de S. Paulo, a pequena cidade de Urupema, que se autodenomina "a mais fria do Brasil, mas cheia de calor humano", está com mais de 90% de ocupação de seus hotéis.

A cidade, de 2.500 habitantes, recebe visitantes que às vezes vêm de longe, na metade da semana, para ver neve pela primeira vez.

O Inmet também informou sobre "possíveis consequências da onda de frio na agricultura brasileira", em um país considerado um dos celeiros do planeta.

O instituto mencionou, em particular, o risco de geadas que ameaçam as hortas e também as culturas de milho e cana-de-açúcar.

Sias garantiu que o ciclone faz parte dos eventos climáticos "severos e mais anômalos" que são "consequência da mudança climática".

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