DEMOCRACIA Sete dias após imagens de terror e quebradeira em Brasília chocarem o País e o mundo, a democracia brasileira teve na última semana uma verdadeira onda de manifestações e movimentos de reação de suas instituições à violência de golpistas.
Logo no início da semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) articulou uma das imagens mais simbólicas de união da República contra o extremismo, unindo presidentes dos Três Poderes e governadores de todos os estados em "marcha" do Palácio do Planalto até o Supremo Tribunal Federal (STF), ambos palcos da quebradeira terrorista.
A resposta do Judiciário, no entanto, viria ainda mais dura. Logo na terça-feira, o ministro da Alexandre de Moraes decretou a prisão do ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres. Em um armário do ex-secretário, ministro da Justiça e Segurança Pública no governo Jair Bolsonaro (PL), foi encontrada uma inexplicável minuta de decreto que, mirando na Justiça Eleitoral, colocaria o País em um ilegal Estado de Defesa.
Diante dos vários indícios de omissão deliberada do Governo do Distrito Federal em prevenir a quebradeira em Brasília, o governo federal também intensificou o processo de intervenção federal na segurança do DF, em ação que teve o afastamento do governador reeleito, Ibaneis Rocha (MDB), afastado por até 90 dias.
Paralelamente, o Brasil viu milhares de pessoas detidas por participação - direta ou indireta - nos atos golpistas, com mais de duas mil pessoas presas. Acampamentos golpistas, erguidos nas portas de quartéis horas após a confirmação da derrota de Jair Bolsonaro nas ruas, foram enfim desmantelados pelas forças de segurança.
Com o avanço das investigações, está cada dia mais claro que o terror em Brasília era pensado como uma maneira de intensificar o acirramento de ânimos no Brasil, mergulhando o País em um caos que somente seria contido pela via militar ou de um golpe de Estado. Sete dias depois, muitas perguntas seguem sem resposta, mas o que observamos de forma clara é o contrário. A democracia e suas instituições resistem.