Com a política de paridade de preços internacionais (PPI) fora da cartilha da cadeia produtiva dos combustíveis, uma nova ordem para os ajustes precisa entrar em vigor em todo o País e, em especial, no Ceará - onde os combustíveis estão entre os mais caros do Brasil. A Petrobras já demonstrou que vai usar o poder de quem domina mais de 70% do mercado nacional para interferir no preço final - ou seja, nas bombas dos postos - e os demais agentes vão ser incomodados.
Isso deve sacudir o mercado nos próximos reajustes, prometidos para breve. O consumidor, insatisfeito com alterações instantâneas nas bombas quando acontecem aumentos e com morosidade na mudança das tabelas quando há baixa, vai cobrar um comportamento diferente dos postos de combustíveis.
Por sua vez, esses empresários devem sacudir as distribuidoras à procura de uma compra melhor. No Ceará, três gigantes - Vibra (antiga BR Distribuidora), Raízen (uma joint venture entre a Cosan e a Shell) e a Ipiranga - dominam o mercado de fornecimento de combustível. No entanto, outras 20 também atuam no setor com a mesma fome de expansão. Eis a oportunidade de barganha.
Mas, enquanto a concentração de mercado atuar contra a competição e a favor de valores elevados, outros agentes precisam exercer seu papel com vigor. Falo dos órgãos de defesa do consumidor, em todas as instâncias. Procons e Decons são essenciais para estabelecer uma nova ordem nessa cadeia produtiva. Vistorias, comparativos e multas são necessárias no primeiro momento.
A nova ordem parece ser coerente até mesmo para o mercado financeiro. Sempre sensível às mudanças, a bolsa de valores apontou estabilidade nos papéis da Petrobras e as críticas dos mais liberais não foram capazes de reverter o cenário. A saber quanto tempo a cadeia produtiva vai levar para aceitar a nova realidade.