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Morre escritor e pensador quilombola Nego Bispo, aos 63 anos
Farol

Morre escritor e pensador quilombola Nego Bispo, aos 63 anos

Ativista do movimento quilombola morreu neste domingo no Piauí
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NEGO Bispo passou por Fortaleza no último mês de julho (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS NEGO Bispo passou por Fortaleza no último mês de julho

O escritor, pensador e ativista social quilombola Nego Bispo morreu neste domingo, 3, aos 63 anos de idade. Nascido em 1959, no Vale do Rio Berlengas, Piauí, batizado de Antonio Bispo dos Santos, ele formou-se pelos ensinamentos de mestras e mestres de ofício do quilombo Saco-Cortume, no município de São João do Piauí.

Bispo completaria 64 anos de idade no próximo dia 10 de dezembro. Segundo o portal piauiense Cidade Verde, ele desmaiou em uma área de lazer na comunidade quilombola Saco-Cortume, foi levado ao hospital regional do município, mas não resistiu.

De acordo com a Comunidade Quilombola Saco Cortume, Nego Bispo enfrentava diabetes e, há alguns dias, estava com a saúde debilitada.

 

Nego Bispo é autor de artigos, poemas e livros. Ele publicou “Quilombos, modos e significados”, de 2007, e “Colonização, Quilombos: modos e significados”, lançado em 2015. Mais recentemente, em 2023, lançou "A terra dá, a terra quer", pela editora Ubu, um misto de ensaio e relato etnográfico.

O ativista atuou como liderança quilombola na Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Piauí (CECOQ/PI) e da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ).

"Um dos maiores pensadores da nossa época ancestralizou. Nego Bispo fez a passagem e deixou aqui um legado enorme para o pensamento negro brasileiro. Um abraço a toda sua família e amigos", publicou nas redes sociais Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial.

 

"Perdemos um dos maiores pensadores da nossa época. Nego Bispo fez a passagem e deixou aqui um legado enorme para o pensamento negro brasileiro. Um fraterno abraço a toda sua família e amigos", postou nas redes sociais o deputado federal Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ).

"Que tristeza imensa a partida inesperada de um dos maiores pensadores do Brasil, o mestre Nego Bispo. Seu legado é inenarrável e a sua ausência na defesa do povo negro será sentida profundamente. Meu abraço aos amigos e familiares. Que saibamos honrar todos os dias sua luta", lamentou a também deputada federal Talíria Petrone (Psol-RJ).

"Lamento imensamente o falecimento do querido professor Nego Bispo. Quilombola, ativista e grande pensador que vinha apoiando o @IphanGovBr na retomada da nossa revista do patrimônio e outras importantes iniciativas. Fará muita falta. Minha solidariedade aos amigos e familiares", também escreveu Leandro Grass, presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Nego Bispo se destacou por seu trabalho político e militante relacionados à causa quilombola. O pensamento de Bispo é uma construção epistemológica a partir da experiência e concepções das comunidades quilombolas e dos movimentos sociais de luta pela terra.

A partir dessa perspectiva, o pensador desenvolveu proposições que buscam compreender os saberes tradicionais dos povos “afro-pindorâmicos”, uma expressão que ele utiliza para se referir aos descendentes africanos e indígenas/pindorâmicos, em substituição às designações empregadas pelo colonizador.

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