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Antônio Bispo: a insurgência que vem dos quilombos
Reportagem Seriada

Antônio Bispo: a insurgência que vem dos quilombos

Líder quilombola, Antônio Bispo dos Santos costura visões contracolonialistas e biointegradas na defesa de um mundo compartilhante entre seres vivos

Antônio Bispo: a insurgência que vem dos quilombos

Líder quilombola, Antônio Bispo dos Santos costura visões contracolonialistas e biointegradas na defesa de um mundo compartilhante entre seres vivos
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Antônio Bispo dos Santos, 64 anos, foi o primeiro de sua família a se alfabetizar. Estudou até a 8ª série. Depois disso, aprendeu com os caminhos da terra. Líder quilombola no estado do Piauí, encarregou-se de traduzir as demandas de seu povo, transitando entre mundos.

Em conversa com O POVO, Nêgo Bispo, como também é conhecido, fala sobre uma língua de insurgência. “Quando o quilombo perder o medo da favela e a favela confiar no quilombo, e a favela e o quilombo conhecerem melhor as aldeias, aí o asfalto vai derreter”, prevê.

Antônio Bispo dos Santos, pensador da causa negra quilombola e escritor (Foto: ALEXIA MELO/divulgação)
Foto: ALEXIA MELO/divulgação Antônio Bispo dos Santos, pensador da causa negra quilombola e escritor

Estirado numa rede, balançando-se enquanto bebe cajuína, Bispo apresenta um léxico contracolonial, que inclui a biointeração para falar da interdependência de ecossistemas diversos.

Autor do recém-lançado “A terra dá, a terra quer” (Ubu), o autor propõe novas formas de habitar, de comer e de se relacionar com a natureza e com o outro como resposta aos desafios do agora.

 

 

O POVO – O senhor propõe uma outra terminologia para falar de fenômenos contemporâneos, como “contracolonialismo”, e não o mais usado “decolonial”, por exemplo. Por quê?

Antônio Bispo dos Santos – Eu tenho dito várias vezes que não dá para você contrariar um sistema usando o mesmo repertório do sistema, as mesmas narrativas. Eu fui adestrador de bois ainda na minha adolescência. Como adestrador, eu compreendi que quem nomina também domina. A arte de nominar é a arte de dominar. Para enfrentar o sistema colonialista, que é o sistema que nomina sempre, a gente tem que contrariar as nominações desse sistema, e contrariar apresentando outras nominações.

Eu fui sindicalista, atuei nos partidos, em várias lutas sociais. Nesse período me chamou atenção a questão das narrativas. Então eu trouxe, para o desenvolvimento sustentável, a “biointeração”; para o saber acadêmico versus o saber empírico, o saber orgânico versus saber sintético; e trouxe a “cosmofobia” para nominar o terrorismo cosmológico que é implementado dentro da sociedade colonialista. O “contracolonialismo” é uma das mais amplas contradições ao sistema. Em vez de discutir direita e esquerda, neoliberalismo versus socialismo ou comunismo, eu compreendi que é melhor discutir o colonialismo como um sistema mais amplo e as suas vertentes e segmentos. E apresentar o contracolonialismo como um sistema tão amplo, que tem uma trajetória histórica visível e palpável, e assim travar esse debate no sentido de harmonizar melhor as relações.

Mas eu compreendo como decolonizar o ato de depreciar ou, vamos dizer, desfazer. Quem foi colonizado pode ser descolonizado, eu até concordo. Mas os quilombos, que não foram colonizados, não podem ser descolonizados. Se não podem ser descolonizados, eles têm que contrariar o sistema. É melhor contracolonizar.

 

OP – Só para ficar claro, como o contracolonialismo se difere do decolonial, que é um termo que certo campo acadêmico prefere empregar?

Antônio Bispo – Até hoje eu tenho perguntado aos decoloniais que eu tenho conhecido qual é mesmo a trajetória deles. A trajetória histórica, não só teórica. A gente sabe que as trajetórias teóricas, assim como o marxismo e várias outras, são necessárias, mas não são resolutivas. São problematizadoras, mas não apresentam grande eficácia resolutiva. E eles não têm me dito que trajetória histórica é essa. Se não tem trajetória histórica, é apenas teórica, que eu respeito. Mas eu compreendo como decolonizar o ato de depreciar ou, vamos dizer, desfazer. Quem foi colonizado pode ser descolonizado, eu até concordo. Mas os quilombos, que não foram colonizados, não podem ser descolonizados. Se não podem ser descolonizados, eles têm que contrariar o sistema. É melhor contracolonizar. Eu entendo a necessidade da decolonialidade pra quem foi colonizado, mas entendo também a necessidade do contracolonialismo pra quem não foi colonizado. Para fazer uma comparação que não cabe muito bem, mas é melhor para se entender, digamos o seguinte: a decolonialidade é o reformismo e o contracolonialismo é a revolução.

OP – E em que sentido o senhor se refere à palavra “cosmofobia”, que também faz parte desse léxico usado na sua obra e no seu pensamento?

Antônio Bispo – A cosmofobia é uma tentativa de compreender a violência e a base psicológica de uma sociedade que faz com que ela se torne violenta. Qual é a raiva que a sociedade colonialista precisa ter das sociedades não colonialistas? Por que o povo europeu alimentou a raiva do povo africano, que nunca lhe havia feito mal? Por que o europeu teve raiva do povo do Brasil, da América, de toda essa região? Em resumo, por que o povo euro-cristão-monoteísta sentiu raiva do povo pagão? Como explicar isso? Fui atrás de algumas leituras, de bulas papais e da Bíblia, lá em Gênesis. Foi aí que entendi. O povo euro-cristão-monoteísta foi amaldiçoado pelo seu deus. A sentença pelo fato de ter cometido o pecado foi um castigo permanente, um castigo eterno, o castigo pelo pecado original. O pecado original é punido pelo terror. Há um terrorismo cosmológico contra esse povo. A cosmofobia é a matriz psicológica da sociedade euro-cristã-monoteísta que faz com que ela se relacione com o terrorismo. Tudo para eles é terror, ou seja, é o medo de deus, é o medo da natureza, é o medo do cosmos.

Nego Bispo é autor de vários livros e se tornou um tradutor do pensamento social que explica as raízes quilombolas brasileiras(Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS Nego Bispo é autor de vários livros e se tornou um tradutor do pensamento social que explica as raízes quilombolas brasileiras

OP – O senhor se considera um tradutor de saberes, alguém que exercita outras linguagens para ouvir a natureza, os pássaros etc. Quando o senhor pensa numa obra escrita como a recém-lançada “A terra dá, a terra quer”, por exemplo, ela se destina a que público?

Antônio Bispo – Esse livro é destinado para o povo das academias, prioritariamente. Porque tudo que está escrito aí, o nosso povo aqui nos quilombos já sabe. Eu não escrevi para os quilombos ou para os quilombolas, isso aqui a gente conversa na mesa de bar, nos velórios, na roça, nas construções. É papo nosso. Mas o povo da academia não tem acesso à oralidade. É um povo que não sabe falar, só sabe ler. A gente precisava dizer para esse povo como é que a gente gosta de viver, quais são os nossos modos de vida, por que a gente às vezes não quer algumas coisas. Nós não somos iletrados apenas por falta de acesso à letração. Muitas vezes é por conta de contradições, a gente resolveu contrariar também isso.

Eu, por exemplo, estudei até a 8ª série, e na 8ª série o nosso povo compreendeu que eu já sabia o bastante para tocar a vida. Só que eu fui conversando com as pessoas das academias, e, muitas vezes, a gente tinha esses debates com dificuldade de compreensão. Isso acabou chegando num lugar que a gente não esperava. Aconteceu a lei de cotas, nosso povo fez graduação lendo tudo que todo mundo lia, mas, quando foi pra fazer as pós-graduações, nosso povo queria algo diferente. Aí foi que apareceu. Nós, quilombolas, indígenas, negros das cidades, o povo afro e o povo indígena resolvemos chegar com a “oralidade escriturada”. Hoje, eu posso dizer sem dúvida nenhuma que a gente fala, escreve e fala de novo. O povo da academia escreve, fala e escreve de novo. Nós estabelecemos uma fronteira. Eles nos ensinaram a ler, e nós estamos ensinando eles a falar. A nossa escritura é um jeito de ensinar o povo da academia a falar.

O Minha Casa, Minha Vida não respeita essas arquiteturas, nem a dos povos indígenas e muito menos a dos povos quilombolas. Eu estive em uma conversa muito boa com o povo da Maré (Rio de Janeiro), discutindo com eles o jeito de morar quilombola e o jeito de morar da favela.

OP – O senhor já se referiu, sob viés crítico, a dois programas do governo Lula (Minha Casa, Minha Vida e Fome Zero, embrião do Bolsa Família). O Minha Casa, Minha Vida, que foi relançado agora, tem viés colonialista?

Antônio Bispo – Nós temos a nossa arquitetura. Os povos indígenas têm uma arquitetura linda e maravilhosa, que é estendida de geração para geração através dos mestres e das mestras e através da vida cíclica dessas construções. Como são feitas com material local, elas têm um tempo de duração, que é o tempo necessário para que cada geração faça suas casas. Quando cada geração faz sua casa, o saber vai andando junto com essas gerações, vai se aperfeiçoando e se adaptando. É uma arquitetura nossa, ambientalizada.

O Minha Casa, Minha Vida não respeita essas arquiteturas, nem a dos povos indígenas e muito menos a dos povos quilombolas. Eu estive em uma conversa muito boa com o povo da Maré (Rio de Janeiro), discutindo com eles o jeito de morar quilombola e o jeito de morar da favela. E chegamos ao entendimento de que na favela a parte mais necessária da casa é a segunda laje, porque a primeira laje é mais uma moradia, e a outra laje é o lugar da festa. No quilombo não é diferente. A gente tem o terreiro, que é o lugar da festa, e o quintal, que é o lugar da aprendizagem, dos primeiros saberes agrícolas.

O Minha Casa, Minha Vida acabou com isso. Tirou a laje das casas da favela e tirou os terreiros e quintais das casas dos quilombos. As casas são pequenininhas, todas do mesmo modelo, ou seja, não têm o pertencimento daquela família e não têm espaço. A relação de espaço nos quilombos é medida por um grito. Quando não tinha celular, você construía uma casa de uma distância que, gritando, o vizinho lhe ouvisse numa emergência qualquer. E que os animais andassem até a metade, para que nem seus animais andassem na casa do vizinho nem os do vizinho na sua. Essa relação com o espaço também não foi respeitada no Minha Casa, Minha Vida.

Com relação ao Fome Zero não é diferente. O programa tem que acontecer porque as relações são desiguais, mas a alimentação não era pra ser tratada como uma política. Porque a alimentação é uma coisa essencial. Num lugar que tem tanta terra fértil, tanta natureza ainda, não era pra ser tratado como política. Nem a fome nem a habitação. Se convencionou que a gente tem que morar numa casa, todo mundo tinha que ter uma casa. Tanto é que no quilombo todo mundo tem. O Minha Casa, Minha Vida a gente aceita, mas muita gente desmancha aquela casa e faz outra, coloca pros filhos. É comum, até na reforma agrária mesmo, nos programas habitacionais do Incra, você chegar em comunidades que têm uma relação quilombola, e a casa que o Incra fez eles abandonam e constroem uma outra, colada. Aquela do Incra é só pra guardar as coisas, é o depósito, porque não tem pertencimento.

OP – Por trás dessas duas questões há essa crítica a um estado colonialista. Há possibilidade de um estado não colonialista?

Antônio Bispo – Esse estado é colonialista. O que podemos ter não colonialista são outros tipos de organizações. Os quilombos, as aldeias, os terreiros de matriz africana, a capoeira, o samba, o congado. A gente pode ter vários modos de vida não colonialistas e continuar com o modo colonialista. Só que, quanto mais a gente avançar no contracolonialismo, mais o modo colonialista vai perdendo sua força e perdendo seu espaço. O que nós podemos ter são modos de vida diversos se relacionando e se respeitando e cada vez mais lutando para que o colonialismo deixe de existir. Por exemplo, o Minha Casa, Minha Vida é um sistema, arquitetonicamente falando, colonialista. É uma arquitetura colonialista. Você não pergunta pro outro como é que ele quer a casa. Você chega, faz a casa e diz: mora aí. Não perguntou se ele é lavrador e precisa de um depósito, se precisa de quartos grandes ou pequenos, se precisa de um terreiro ou um quintal, se ele quer que a casa do seu filho seja próxima da dele. Não pergunta nada.

Nego Bispo, autor e militante quilombola(Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS Nego Bispo, autor e militante quilombola

OP – O senhor afirma que não existem diferenças significativas entre esquerda e direita no Brasil. Em que sentido não há diferença, sobretudo quando a gente considera um cenário como esse, de um país que saiu de uma disputa tão difícil como foi essa com o governo Bolsonaro?

Antônio Bispo – Desde que Bolsonaro ganhou as eleições – desde 2015, na verdade –, quem assistiu uma live na qual eu participei ou leu algum texto viu que eu nunca assumi que nós, quilombolas, indígenas, povos afro e contracolonialistas estávamos vivendo na crise. Eu sempre disse que essa crise era da sociedade colonialista e euro-cristã. Eu também sempre disse que direita e esquerda são membros do mesmo corpo colonialista. E por que digo isso? Porque não há contradições concretas entre eles. Por exemplo, a esquerda concorda que a democracia é o melhor sistema. A direita também. Aqui há uma hegemonia, não uma contradição. A esquerda concorda que a educação é a solução. A direita também. O sistema do Judiciário é tratado pela direita e pela esquerda da mesma maneira. A esquerda não discute uma situação de segurança diferente da direita. Ambos concordam em construir presídios, numa justiça vingativa e não resolutiva, e sim punitiva. Chega me dói ver pessoas pobres, que não têm nada pra ser roubado, pedindo policiamento na sua rua. Por que você quer policiamento na sua rua se você não tem nada pra ser roubado? É uma coisa absurda.

A inteligência da esquerda e da direita chama o povo que atua na favela de milícia, mas não tem milícia mais poderosa do que a segurança privada. Os donos das empresas de segurança particular são militares e os donos das milícias também são militares. O Judiciário é uma indústria e um mercado. Nesse sistema, a direita e a esquerda falam a mesma língua. Se não há narrativa diferente, se não há contradição, onde está a diferença? Eu gostaria que me explicassem. E olha que fui da via partidária. Por dentro não vi, por fora também não vejo diferença. Sempre visito o Complexo do Alemão, tenho boas amizades por lá. Visitando um daqueles negócios monstruosos, que é o teleférico, e conversando com o pessoal, eu descobri que, ainda nos governos anteriores, de Lula e Dilma, a comunidade do Alemão conseguiu um terreno e convenceu a UFRJ a criar um instituto federal lá no Alemão. No lugar desse instituto, foram criados um teleférico e uma unidade da Polícia Pacificadora. E por que não foi criado um instituto? Tem seis teleféricos parados no Alemão. Ao lado de cada um, tem uma Polícia Pacificadora. Pararam os teleféricos, mas não parou a polícia. Eu não vejo a esquerda reclamando disso. Agora a esquerda também está no governo. O que vão fazer com aqueles teleféricos parados nas várias favelas do Rio de Janeiro, construídos sem consultar o povo? Eles precisam se mostrar diferentes, por enquanto não tenho percebido isso. Pode ser que eu seja tão ingênuo e não tenha essa capacidade, mas até agora não vejo diferença.

OP – Nesses quatro anos de governo Bolsonaro o povo quilombola foi um alvo prioritário dos ataques do então presidente. Para o senhor, o bolsonarismo está nesse campo da direita ou é um extremismo?

Antônio Bispo – Meu querido, você mora em Fortaleza?

OP – Sim.

Antônio Bispo – Em 1936/37, Getúlio Vargas mandou o Exército brasileiro bombardear Caldeirão, no Ceará. Isso está escrito nos livros de História do Brasil. Dilma Rousseff criou a Comissão da Verdade do Araguaia. Quem foi para a guerra do Araguaia? Os secundaristas e universitários brancos do Sul e do Sudeste. Naquele tempo não tinha negro no ensino médio e na universidade. A Dilma criou a Comissão da Verdade para salvar a pele dela e dos seus. Por que não criou a Comissão da Verdade de Caldeirão? Ainda tem gente viva de Caldeirão. Por que não criou a Comissão da Verdade de Pau de Colher, aqui onde estou, a 200 km? Por que a esquerda não discute isso? Por que os historiadores de esquerda e os antropólogos não discutem Caldeirão e Pau de Colher? Foi ao mesmo tempo em que estava acontecendo a 2ª Guerra Mundial. Enquanto Hitler fazia limpeza étnica na Europa, Getúlio fazia limpeza étnica no Brasil.

Quando surge o morro da Providência, que é a primeira favela do Rio? Com a chegada do povo de Canudos ao Rio de Janeiro. Uma parte do povo sai de Canudos e cria a favela. Então a favela, na verdade, também é um quilombo.

OP – O senhor traça uma proximidade entre o quilombo e a favela. Um dos trechos do seu livro, por exemplo, fala que quando a favela e os quilombos se entenderem, “o asfalto vai derreter”. Como se dá essa aproximação?

Antônio Bispo – Eu tive a alegria de ser convidado para a Flup, a Festa Literária das Periferias, no Rio de Janeiro, no morro da Providência. Quando surge o morro da Providência, que é a primeira favela do Rio? Com a chegada do povo de Canudos ao Rio de Janeiro. Uma parte do povo sai de Canudos e cria a favela. Então a favela, na verdade, também é um quilombo. O que ocorre é que a sociedade colonialista tem medo das suas criaturas. Eles inventaram esse nome de quilombo, colocaram essa denominação nos nossos modos de vida, mas depois ficaram com medo. Desde o início do colonialismo até a Constituição de 1988, o quilombo era considerado uma organização criminosa. A gente não queria dizer que era quilombola porque não queria dizer que era de uma organização criminosa.

A Constituição de 1988 nos acolheu como organização de direitos, e agora nós estamos dizendo que somos quilombolas e eles estão dizendo que não somos. A gente diz que é quilombola, mas a sociedade diz que não. Igual aos indígenas, que sempre disseram que eram indígenas. Agora querem discutir o marco temporal para dizer que, a partir de 1988, quem não estava naquele lugar não é indígena. Quando os indígenas não queriam ser indígenas, eles diziam que eram. Agora que querem, eles dizem que não são. Isso é a cosmofobia.

É o criador que tem medo da criatura. A favela, o quilombo, a capoeira, o terreiro, o congado, o jongo, tudo isso é quilombo. Mas agora estão em pânico porque está todo mundo dizendo: sou quilombola, sim, nós vamos nos aquilombar. Eles colocaram a favela para desconfiar do quilombo e o quilombo para ter medo da favela. Só que a gente está se comunicando, tanto é que hoje temos livros como esse dos quilombolas, livros necessários dos indígenas, temos livros necessários de tudo quanto é povo contracolonialista. Quando o quilombo perder o medo da favela e a favela confiar no quilombo, e a favela e o quilombo conhecerem melhor as aldeias, aí o asfalto vai derreter. Porque nós todos, juntos, somos mais de 50% da população.

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