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Foram seis anos. 2.423 dias, com exatidão, para que um fragmento de uma resposta fosse dado a um País. Assassinos confessos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, os ex-PMs Ronnie Lessa e Elcio Queiroz, foram condenados em todo os crimes que recaíram sobre eles depois da noite de 14 de março de 2016, quando o carro da parlamentar foi alvo de tiros.
Aquela emboscada não tinha como alvo apenas Marielle. O foco era o silenciamento da democracia que ela tanto defendia. O assassinato de uma parlamentar para silenciar uma voz atuante contra o esquema de grilagem de terrenos liderado pela milícia.
Era acabar com perguntas não só de Marielle e dos 46.502 eleitores que fizeram dela a quinta vereadora mais votada do Rio em 2016. Era acabar com a busca de um sistema longe da teia complexa e, cada vez mais, profunda entre políticos e organizações criminosas.
Todo o caminho até a condenação expõe a necessidade de uma reforma no sistema de segurança pública. O crime teve cobertura do então chefe da Polícia Civil Rivaldo Barbosa. Além de prejudicar as investigações, ele se tornou referência para as famílias das vítimas dizendo que o crime não ficaria impune, em uma dolorosa ironia. Após anos de trocas de investigadores, os assassinatos só foram solucionados com a entrada da Polícia Federal.
E o percurso ainda nem terminou com a espera para o julgamento dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, um do Tribunal de Contas do Estado, o outro deputado federal. Eles foram delatados como mandantes do crime. A cassação do deputado aparece distante de ser votada em plenário.
Mas, apesar do tempo nebuloso, o pedaço de uma resposta é um alento. O choro das famílias ao lembrar de Marielle e Anderson. O abraço apertado de alívio após seis anos em que a ferida não sarava. Sem respostas, não tinha como. As palavras da juíza do caso traduzem: "Talvez Justiça fosse que o dia de hoje jamais tivesse ocorrido, talvez Justiça fosse Anderson e Marielle vivos".