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Mexer na renda faz mal para a economia?
Farol

Mexer na renda faz mal para a economia?

Mudança no IR para ricos e pobres causou mais confusão no mercado financeiro do que o desvendar dos planos de golpe. E isso diz muito a respeito de quem especula sobre o Brasil
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MINISTRO da Fazenda, Fernando Haddad (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil MINISTRO da Fazenda, Fernando Haddad

A mudança no imposto de renda para beneficiar os mais pobres e taxar os mais ricos, que acompanharam o pacote de corte de gastos apresentado pelo Governo Federal na última semana, provocou uma reação negativa poucas vezes vista na economia brasileira. Nem quando os planos de golpe foram desvendados e demonstraram o quanto a democracia brasileira ainda é frágil se viu coisa assim... Afinal, mexer na renda faz mal para a economia?

O mercado financeiro diz que sim. E isso revela muito sobre quem especula sobre o Brasil: o mercado financeiro é composto por empresas cujos donos - na maioria fundos de investimentos experts em especular sobre o risco de se investir em países fora dos Estados Unidos e da Europa - estão no Exterior. O objetivo deles é assegurar que os investimentos sejam feitos sem que haja risco para eles próprios, em grande parte das vezes.

Quando se fala em alíquota mínima de imposto para quem tem renda mensal acima dos R$ 50 mil, ou aqueles cuja medida atinge os grandes executivos, isso é interpretado como um risco - e lá se foi o dólar para a casa dos R$ 6.

Elevar a taxação para rendimentos dessa ordem é até uma medida tímida em um país de desigualdade gritante como o nosso. Tão tímido quanto as que miraram os militares - os quais merecem bem menos privilégios do que possuem hoje.

O arrecadado com os mais ricos visa compensar a receita que o governo abriu mão ao dispensar da declaração do IR quem tem renda mensal de R$ 5 mil - coisa que só vai acontecer em 2026, o que torna ainda mais estranha a reação de suspeita sobre se o governo vai atingir ou não a meta estabelecida.

Sejamos honestos na avaliação: o ministro Fernando Haddad (Fazenda) tem crédito. Sob suspeita dos agentes do mercado desde que foi apontado como coordenador da transição de governo, ele foi assertivo na PEC da Transição, no novo arcabouço fiscal e na reforma tributária. Voltemo-nos ao Congresso agora, vejamos se haverá turbilhão no câmbio quando deputados e senadores buscarem manter os privilégios sem olhar para a desigualdade existente no País e perguntemos: mexer na renda faz mal para a economia?

 


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