Para muitas pessoas, os tempos de pandemia são tão distantes como uma memória enevoada. Quase tudo retornou ao que era antes. Mas esse tempo existiu e deixou muitas marcas. A Covid-19 nunca foi embora. Ela continua e, como os demais vírus, busca permanecer entre nós.
Esperando uma chance, como o período de alta na sazonalidade ou o surgimento de uma sublinhagem com mutação mais adaptada, para se propagar. É isso que tem acontecido no Ceará, onde o número de casos por semana quadruplicou.
A mudança é causada pela circulação de novas sublinhagens da ômicron: a LP.8.1, que ainda não havia sido encontrada no Brasil, e a XEC, detectada anteriormente em outros três estados. A procura por atendimento já apresenta aumento. Um cenário que merece atenção e cuidados, tanto do poder público como da população geral.
Os órgãos competentes devem acompanhar de perto e se preparar para um cenário mais grave. Pessoas com sintomas gripais não podem colocar outras em risco. Com a confirmação, é preciso cumprir o isolamento de cinco dias, no mínimo. O uso de máscara logo no início de quaisquer sintomas e a lavagem das mãos são medidas que já deveriam ter virado hábito.
Também é verdade que os números parecem ínfimos quando comparados com os dos anos anteriores. A despeito da menor gravidade da situação, a Covid-19 apresenta riscos e ainda pode matar.
Este ano, 16 pessoas morreram em decorrência da infecção. Mas, no contexto atual, qualquer morte que pudesse ter sido evitada é um absurdo.
Ainda sabemos menos sobre a Covid-19 do que sobre outros tantos patógenos sobre os quais a ciência já se debruça há décadas, séculos. Ainda não conhecemos até onde a covid longa pode chegar.
Diferentemente dos que têm memória fraca, para uma parcela da população, a lembrança segue forte. A pandemia nos ensinou da pior maneira que esse tipo de situação demanda uma estratégia de proteção coletiva, com responsabilidade de cada um.