Em pouco mais de duas semanas, Donald Trump ameaçou elevar tarifas contra Colômbia, Canadá e México, mas acabou recuando ao adiar a execução de sua guerra fiscal. Por ora, não se sabe o que move exatamente a estratégia comercial do presidente dos Estados Unidos, que se volta sobretudo para parceiros comerciais da nação, tais como os países vizinhos e a União Europeia.
Ao mundo, Trump anunciou com pompa que adotaria a partir de agora a reciprocidade como chave de suas relações externas, impondo a outros "players" sanções, mais ou menos severas, quando entendesse que os interesses estadunidenses estivessem sendo contrariados. Foi assim com a Dinamarca, por exemplo, quando sugeriu que poderia retaliar assumindo o controle da Groenlândia, maior ilha do planeta e território autônomo em posição militarmente importante.
Trata-se de bravata ou não? O entorno do chefe da Casa Branca tem feito saber que a declaração não passou disso, ou seja, não foi além da política de semear o caos para colher dividendos, políticos e/ou econômicos. Mas o que o magnata de fato vem obtendo de ganho até aqui? Difícil mensurar. Afinal, não parece razoável supor que Trump pretenda contornar dificuldades de toda ordem manejando apenas a majoração de tarifas de importações. Tampouco soa plausível a tese segundo a qual a finalidade é pressionar aliados a aceitarem migrantes ilegais de volta.
É nessa zona cinzenta que o presidente transita, tendo como obstáculo à altura tão somente a China, que respondeu aos ataques tarifários com a mesma moeda: aumentando as taxas sobre produtos dos Estados Unidos, caminho que deve ser seguido também por União Europeia, que tende a responder em bloco, forçando talvez o país da América do Norte a rever sua posição.
Eis aí uma armadilha que já deve estar no horizonte do "trumpismo", qual seja, a baixa efetividade da nova política pode ter como corolário unicamente o isolacionismo em que os EUA vão se afundando à medida que Trump avança sobre concorrentes e aliados, sem distinção, abrindo múltiplas frentes de conflitos simultâneos.