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Entre os desfiles na avenida, a crise de saúde do papa e a reforma ministerial, por que, então, dedicar tanta tinta na impressão ao nome de uma só mulher? Escrever o nome de Fernanda Torres é trazer para o papel o nome de Eunice Paiva. É lembrar à mente o nome de tantas outras mães e esposas brasileiras que não se despediram de um filho ou marido sob a falta de respostas dos militares.
A 97ª edição do Oscar acontece neste domingo, 2, e junto da cerimônia, traz consigo três chances de o Brasil levar sua primeira estatueta para casa. Para além do resultado, a chegada do Dia D nos lembra do ato homérico que acontece quando um rosto feminino, latino, na casa dos 60 anos, assume a identidade de um filme de repercussão internacional.
Máscaras com seu rosto figuram entre os foliões nas ruas; a Dior, ineditamente, desenhou um vestido de alta costura sob medida para uma brasileira; e Fernanda estampou capas de jornais que, no planejamento editorial, estariam há meses dedicadas a figuras já conhecidas do audiovisual estadunidense.
Por essas e outras, o resultado dessa temporada de premiações não deixa de ser político, à medida que resgata uma história tão potente para levar a brasilidade ao palco do Dolby Theatre. De origem bíblica, o nome Eunice significa "boa vitória" ou "a que vence sempre". Já vencedora em 1996, com a emissão do atestado de óbito de Rubens Paiva, o desejo é que Eunice, presente nas expressões faciais de Fernanda Torres, possa vencer novamente nesta noite.