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Queda de Lupi não alivia governo
Farol

Queda de Lupi não alivia governo

Como não pode se dar ao luxo de abrir mão de um voto sequer na Câmara e no Senado, Lula foi cozinhando a substituição de Lupi, de maneira a encontrar uma resposta negociada com o PDT
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EX-MINISTRO 
da previdência, 
Carlos Lupi, 
no centro 
da crise
 (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES EX-MINISTRO da previdência, Carlos Lupi, no centro da crise

A queda de Carlos Lupi do Ministério da Previdência é um remendo político encontrado pelo governo para tentar atenuar os estragos de uma crise que, se não começou na gestão petista, ganhou tração desde 2023, fazendo recair sobre Lula parte significativa da responsabilidade por esse abacaxi.

Embora o Planalto tente vender a tese segundo a qual o presidente foi o primeiro a mandar investigar uma escaramuça no INSS que passou tanto por Michel Temer quanto por Jair Bolsonaro, na cabeça do eleitorado os descontos ilegais dos aposentados e pensionistas vão estar associados aos anos do petismo, e não a outras administrações.

Contribui para isso, claro, a troca de seis por meia dúzia que Lula conduziu no comando da Previdência, com a promoção do número 2 do ministério após a saída de Lupi. Ora, se o titular foi defenestrado porque houve entendimento de que ele negligenciou o problema, por que cargas d'água o subordinado direto do então ministro seria preservado? E aí entra um outro aspecto: a fragilidade congressual de Lula.

Como não pode se dar ao luxo de abrir mão de um voto sequer na Câmara e no Senado, Lula foi cozinhando a substituição de Lupi, de maneira a encontrar uma resposta negociada com o PDT, que tem uma bancada de 17 deputados federais e uns poucos senadores.

Daí que Wolney Queiroz tenha sido alçado a seu lugar. Pedetista histórico, não fará diferença no cargo, tampouco seu nome representa uma imagem de linha dura capaz de sanar as lacunas no INSS que estão na origem dos malfeitos revelados pela PF e CGU. Eis, então, a situação: Lupi foi sacrificado para que as coisas fiquem mais ou menos como estavam, salvo uma ou outra alteração.

Quanto ao PDT, dificilmente a legenda terá condições de romper com o governo, como chegou a sugerir o líder do partido na Câmara. Sem força, a sigla depende da sombra do governismo para tentar se manter no mesmo patamar de parlamentares no ano que vem, na melhor das hipóteses. Isto é, a promessa de deixar a base de Lula é apenas isso, uma promessa.

 

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