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Com emissões em alta, mundo tem três anos para agir contra crise climática, aponta estudo
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Com emissões em alta, mundo tem três anos para agir contra crise climática, aponta estudo

Novo levantamento mostra que metas do Acordo de Paris estão longe de serem cumpridas e que o tempo para ação efetiva está se esgotando
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Dados mais recentes apontam que o aquecimento causado por atividades humanas atingiu 1,36°C em 2024. Com isso, a temperatura média global subiu para 1,52°C — ultrapassando o limite considerado seguro (Foto: THAÍS MESQUITA)
Foto: THAÍS MESQUITA Dados mais recentes apontam que o aquecimento causado por atividades humanas atingiu 1,36°C em 2024. Com isso, a temperatura média global subiu para 1,52°C — ultrapassando o limite considerado seguro

Os alertas sobre a crise climática estão cada vez mais frequentes. Segundo um relatório de indicadores globais publicado por cientistas, faltam apenas três anos para que o mundo atinja os piores impactos das mudanças climáticas. O documento mostra que o tempo está se esgotando para que os países cumpram as metas estabelecidas no Acordo de Paris.

A África é uma das regiões mais afetadas por eventos extremos causados pelas mudanças no clima, comprometendo a vida de milhares de pessoas e suas fontes de sustento. O estudo também evidencia que os compromissos climáticos atuais dos países são insuficientes diante da emergência climática.

A próxima conferência da ONU sobre mudanças climáticas (COP30) ocorrerá em novembro, em Belém, no Pará. Todos os 197 países signatários do Acordo de Paris devem apresentar planos climáticos nacionais atualizados.

Um problema recorrente nas COPs, no entanto, é o atraso — ou mesmo a ausência — na entrega desses planos. Segundo as regras da ONU, os países deveriam ter submetido seus documentos até fevereiro deste ano. Até agora, apenas 25 nações, responsáveis por cerca de 20% das emissões globais, enviaram seus planos — entre os africanos, estão Somália, Zâmbia e Zimbábue. Isso deixa 172 países ainda pendentes.

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Planos ainda ignoram compromisso com fim dos fósseis

Esses planos são chamados de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e indicam como cada país pretende reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Apesar da urgência, apenas o plano do Reino Unido está alinhado com os compromissos do Acordo de Paris.

As NDCs são fundamentais para estabelecer metas de curto e médio prazo. Quando bem elaboradas e integradas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), as medidas propostas podem tirar até 175 milhões de pessoas da pobreza.

No entanto, um dado preocupante chama atenção: apenas dez países que enviaram planos à COP30 mencionam de forma clara o compromisso de abandonar os combustíveis fósseis — a maioria ainda evita tratar do tema.

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Temperaturas sobem e cota de carbono se esgota

Apesar de 2023 ter registrado temperaturas alarmantemente elevadas, o mais grave é que essas temperaturas se tornaram comuns. O relatório mostra níveis recordes contínuos de emissões de gases do efeito estufa, resultando em concentrações crescentes de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso na atmosfera.

O aumento das temperaturas está consumindo rapidamente a chamada “cota de carbono restante” — ou seja, a quantidade de gases que ainda pode ser emitida antes que o planeta ultrapasse o limite de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Com as emissões atuais, essa cota será esgotada em menos de três anos.

Relatório revela que o mundo já ultrapassou limite crítico

O relatório anual Indicadores de Mudanças Climáticas Globais analisa detalhadamente as emissões líquidas, a concentração de gases na atmosfera e os impactos sobre a temperatura média global. Os dados mais recentes apontam que o aquecimento causado por atividades humanas atingiu 1,36°C em 2024. Com isso, a temperatura média global subiu para 1,52°C — ultrapassando o limite considerado seguro.

“Este relatório oferece uma visão geral do estado do sistema climático. Ele é baseado em cálculos das emissões líquidas de gases de efeito estufa, como esses gases estão se concentrando na atmosfera, como as temperaturas estão subindo no solo e o quanto desse aquecimento foi causado por humanos”, explicou o cientista climático Piers Forster, um dos líderes da equipe responsável pelo estudo da Universidade de Leeds, no Reino Unido.

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Liderança climática ainda é tímida entre grandes emissores

Até o momento, apenas cinco países do G20 — Canadá, Brasil, Japão, Estados Unidos e Reino Unido — apresentaram metas para 2035. O grupo, no entanto, é responsável por cerca de 80% das emissões globais.

Agora, as atenções se voltam para a União Europeia, China e Índia, que ainda não apresentaram seus planos. As propostas desses países serão decisivas para manter as metas de temperatura e demonstrar liderança na luta contra as mudanças climáticas.

Se apresentarem medidas mais ambiciosas, há esperança de que o mundo consiga sair do discurso e adotar ações concretas rumo a um futuro mais seguro e sustentável.

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