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Mutirão ‘Meu Pai Tem Nome’ atende a mais de 100 inscritos na Defensoria Pública
Farol

Mutirão ‘Meu Pai Tem Nome’ atende a mais de 100 inscritos na Defensoria Pública

Evento ocorreu em todo o País para processos de reconhecimento ou investigação de paternidade; confira como foi o movimento em Fortaleza
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Foto: Zé Rosa Filho/Defensoria Pública do Ceará Mutirão "Meu Pai Tem Nome" atrai famílias que desejam o reconhecimento de paternidade

Nas vésperas do Dia dos Pais, o mutirão “Meu Pai Tem Nome”, realizado pela Defensoria Pública do Ceará, ofereceu serviços de reconhecimento ou investigação de paternidade ou maternidade. O momento foi preparado para os 140 inscritos na cidade de Fortaleza neste sábado, 9.

As cidades de Sobral e Juazeiro do Norte também receberão a edição do evento.

Na Defensoria, localizada no bairro Luciano Cavalcante, pais se emocionaram ao finalmente colocar seu nome no registro dos filhos, sejam eles biológicos ou socioafetivos. O público procurou chegar cedo e por volta das 9 horas o movimento já estava intenso, com os atendimentos sendo bem rápidos.

Mutirão de reconhecimento de paternidade atraiu crianças e adultos

Apesar de haver muitas crianças no local - que preparou atividades lúdicas para recebê-las -, adultos também aproveitaram para regularizar situações familiares.

Foi o caso de Antonio Pedro Brito da Silva, de 42 anos, que não tinha o nome do pai no registro de nascimento. Ele explica que na época em que foi registrado, o pai trabalhava viajando muito e não estava presente no momento.

“Hoje nós estamos aqui para consertar isso. É como um presente para um filho que tem seu pai, mas no documento não consta. Para mim, vai fazer toda a diferença”.

O autônomo Márcio Vinicius, 42, também foi realizar um feito importante para a família: registrar a enteada, com quem convive há 10 anos e considera como filha. Ele, a esposa e Ana Giulia, de 17 anos, fizeram o processo para colocarem o sobrenome de Márcio como pai da garota.

“Ela já é minha filha desde os dois anos de idade, quando eu conheci minha esposa. E ela já me tem como pai”, afirma.

Ele também considera o momento como o fim de um ciclo, já que também não teve o nome do pai no próprio registro de nascimento e a situação não se repete com a enteada.

“É um direito a dignidade da pessoa humana”, diz defensora geral do estado

A defensora pública geral, Sâmia Farias, esteve presente no evento e destacou a importância da ação. Ainda, ela observa que nas últimas edições a procura pelo reconhecimento da paternidade socioafetiva reconhecimento da relação de filiação entre um indivíduo e seu pai ou mãe, não com base na consanguinidade, mas sim no vínculo afetivo e na convivência familiar. vem crescendo.

“É um direito que está sendo divulgado, está mais conhecido e o procedimento está menos burocrático”, completa.

O processo conta com uma equipe multidisciplinar na própria Defensoria para atender cada caso. Ao realizar a audiência de conciliação, o órgão tem uma parceria com a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen) para averbar as certidões.

Em casos em que não ocorrem acordos, os defensores estão disponíveis para ajuizar as ações litigiosas. 

Ceará é destaque no número de crianças sem pais na certidão

Dados do Portal da Transparência da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) mostram que, dos 1.266.679 nascimentos registrados no Brasil em 2025, 65.059 ocorreram sem a filiação paterna. 

No Ceará, 2.890 dos 53.950 nascimentos não contam com a indicação de paternidade

Esses dados são divulgados desde 2016 pela Asssociação, e o Ceará se mantem como o terceiro estado do nordeste com maior número de crianças sem o nome do pai na certidão.

São 65.392 crianças cearenses nessa situação nos últimos dez anos, atrás apenas da Bahia, com 101.386, e do Maranhão , que alcançou a marca de 86.023 registros sem pai.

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