Fortaleza se consolidou como um destino líder para congressos e feiras, gerando cerca de R$ 975 milhões no ano passado. É que mostra o Relatório de Impacto Econômico do Turismo de Eventos em Fortaleza, elaborado em parceria entre a Secretaria Municipal do Turismo (Setfor), o Visite Ceará — Convention & Visitors Bureau e a Universidade de Fortaleza (Unifor).
A pesquisa, que foi divulgada nesta segunda-feira, 18, entrevistou, por meio de questionários, milhares de participantes. O estudo identificou que a maioria dos visitantes era turista (63%), com uma estadia média de 4,8 dias e um gasto médio de R$ 3.732,86 por pessoa, sendo a maior parte destinada à hospedagem (38,5%), alimentação (22,8%), compras (15,1%) e entretenimento (13,3%).
Os dados também detalham o perfil desses turistas, predominantemente mulheres jovens, com ensino superior e alta renda, vindas majoritariamente de outras regiões do Brasil, e aponta para a avaliação positiva dos serviços da cidade, como limpeza e hospedagem.
O estudo destaca ainda que os gastos turísticos resultaram em um aumento expressivo na produção, valor adicionado, arrecadação tributária e criação de mais de 114 mil empregos, reforçando a visão de que o turismo de eventos é um pilar.
O levantamento analisou o impacto econômico do turismo corporativo em Fortaleza a partir de dados coletados em 15 eventos realizados ao longo de 2024. Foram utilizados questionários estruturados com 1.079 participantes, representando um público estimado de mais de 39.323 mil pessoas.
Foi possível identificar um total de 2.391 eventos, com 414.652 participantes, realizados em nove diferentes espaços de eventos. Esses dados foram obtidos a partir do calendário de eventos do Visite Ceará, responsável pela captação de eventos para a cidade de Fortaleza. Desse total, 63% eram turistas — cerca de 261,2 mil pessoas que vieram a Fortaleza para participar dos eventos.
Com base na matriz de insumo-produto da economia de Fortaleza, o relatório projeta que os gastos dos turistas impactaram a economia da cidade de maneira expressiva. O Valor Bruto da Produção (VBP) foi de R$ 1,32 bilhão, enquanto o Valor Adicionado Bruto (VAB) — que se aproxima do conceito de Produto Interno Bruto (PIB) — atingiu R$ 753,77 milhões.
A arrecadação tributária total foi de R$ 107,57 milhões e a massa salarial aumentou em R$ 342,73 milhões. Esses efeitos resultaram na criação de aproximadamente 114,2 mil empregos, formais e informais, em diversos setores ligados direta e indiretamente à cadeia turística.
“Os dados reforçam aquilo que vivenciamos diariamente: o turismo de eventos é um motor estratégico para a economia de Fortaleza. Eles movimentam uma cadeia ampla de serviços, geram emprego e fortalecem a imagem da cidade como destino competitivo. A parceria entre setor público, iniciativa privada e academia tem sido essencial para construir esse ambiente favorável, e nós seguimos comprometidos em ampliar essa atuação, conectando oportunidades e promovendo um crescimento sustentável para o setor”, avalia Suemy Vasconcelos, diretora-executiva do Visite Ceará.
O perfil do público também foi mapeado. A maioria dos participantes era do gênero feminino (59%) e tinha entre 25 e 44 anos (57,6%). A maior parte possuía ensino superior completo (52,5%) ou pós-graduação (20,9%), e 50,8% apresentavam renda individual superior a 4 salários mínimos. Do total, 63,5% se hospedaram em hotéis ou flats e 59,8% chegaram à cidade de avião. O automóvel por aplicativo foi o meio de transporte mais utilizado dentro da cidade (63,7%)
A origem dos visitantes foi predominantemente nacional (96,7%), com destaque para as regiões Nordeste (52,5%) e Sudeste (28,8%). As principais cidades emissoras foram São Paulo, Natal, Rio de Janeiro, Recife e São Luís. Apenas 3,3% dos turistas entrevistados eram estrangeiros, com maior presença dos Estados Unidos, Portugal, Argentina e Angola.
A avaliação dos serviços da cidade também foi considerada positiva. A sinalização turística (59,8%), limpeza urbana (67,5%) e telecomunicações (57,9%) foram os itens de infraestrutura mais bem avaliados. Já entre os serviços turísticos, os preços praticados (65,7%), comércio (58,1%) e hospedagem (53,2%) lideraram a satisfação dos visitantes. A segurança nos eventos foi considerada boa por 48,7% e excelente por 41,2%. Nos atrativos turísticos, 50% avaliaram a segurança como boa e 21,2% como excelente.
“Mais do que números, os resultados revelam como o turismo de eventos se consolida como um indutor de desenvolvimento, capaz de fortalecer o trade, atrair investimentos e trazer benefícios concretos para a população de Fortaleza e de todo o Estado”, destaca Nicolino Trompieri Neto, professor do curso de economia da Unifor.
Outro destaque foi a permanência estendida no destino. Metade dos turistas permaneceu além do período dos eventos, e 76% declararam que o lazer foi a principal motivação para a extensão da estadia. Entre os que visitaram outros destinos no Ceará, os mais citados foram Jericoacoara, Beberibe e Canoa Quebrada.
Além de evidenciar os resultados econômicos, o relatório traz insights estratégicos para o setor, como a ampliação da captação de eventos internacionais, o incentivo a pacotes integrados de negócios e lazer, e o reforço na qualificação de serviços turísticos. A análise também propõe o fortalecimento das ações de marketing digital em regiões emissoras, sobretudo Nordeste e Sudeste, e o desenvolvimento de experiências personalizadas para turistas com maior poder aquisitivo.