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Três homens em conflito
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Três homens em conflito

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Eduardo Bolsonaro, Jair Bolsonaro e Alexandre de Moraes: personagens da semana às véspera do julgamento do ex-presidente  (Foto: Mario Agra / Câmara dos Deputados | Evaristo Sá/AFP | Fellipe Sampaio/STF)
Foto: Mario Agra / Câmara dos Deputados | Evaristo Sá/AFP | Fellipe Sampaio/STF Eduardo Bolsonaro, Jair Bolsonaro e Alexandre de Moraes: personagens da semana às véspera do julgamento do ex-presidente

O relatório da Polícia Federal que subsidiou o indiciamento de Jair e Eduardo Bolsonaro expôs roteiro, diálogos e atores envolvidos num previsível bang-bang para embaraçar o processo em curso no STF em que o ex-presidente é alvo principal. Nesse filme "spaghetti" à moda "western", a exemplo daqueles eternizados por Sergio Leone, a trama criminosa é conduzida por tipos característicos: o canastrão com ares de liderança religiosa, o jovem parlamentar trapalhão e o patriarca debilitado (física e politicamente) cujo futuro depende agora menos de si e mais da sorte dos dados lançados sobre a mesa.

Todos procuram o eldorado hipotético, ou seja, um tesouro enterrado num lugar qualquer com o qual possam fazer frente ao que, para eles, é o grande vilão: o "xerife" Alexandre de Moraes, trajando o preto indefectível no dia a dia das batalhas que leva adiante contra o "núcleo central" responsável por uma tentativa de golpe. Brincadeiras à parte, a troca de mensagens entre Bolsonaro, Eduardo e Malafaia, vazada propositadamente, dá o que pensar, embora seus efeitos sobre o julgamento prestes a começar no Supremo sejam mínimos.

Primeiro, que Bolsonaro parece de fato apostar suas fichas numa candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos) como alternativa para 2026. Segundo, que o governador de São Paulo não é nome de consenso sequer dentro do campo da direita. Terceiro, que Malafaia tem mais ascendência nas estratégias golpistas da família do que se supunha.

Entre xingamentos às fartas (um prato cheio para a psicanálise) e surtos encolerizados, isso tudo se revelou no pacote de conversas do trio, consumidas com sofreguidão pela audiência como uma espécie de spin-off do 8 de janeiro, isto é, como uma intentona antidemocrática continuada. Nesse produto derivado, saem os fardados e seus planos de assassinato e rascunhos de minutas para solapar a democracia. Em seu lugar, entram os verdadeiros pistoleiros exercendo os seus papéis de protagonismo.

 

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