Ao ler nos jornais de grande circulação da cidade, as justificativas do governador para não solucionar a histórica carência docente da Uece, não fico surpreendido em nada, uma vez que, a redução dos múltiplos problemas que a ausência de professores nas salas de aula do ensino superior cearense causa, ao aspecto meramente financeiro — sintetizado pela cifra de R$ 69 miljões na folha do estado — é algo tão neoliberal quanto conservador. Porém, tudo fica muito mais contraditório ao lembrar que esse foi o governador eleito em primeiro turno na plataforma do governo federal, que lida com os valores destinados à educação como investimento, e não gastos.
Bem, não sou conselheiro de ninguém, mas acredito que posso apresentar alguns argumentos a serem considerados nesse debate público. Sou apenas um docente da maior graduação de filosofia do Brasil. Sim, não há neste país departamento quem fomente mais a formação de futuros professores de filosofia que as graduações em filosofia da Uece. Este, que é o mais antigo curso de filosofia do nosso estado, é também um dos cursos fundantes da própria Universidade Estadual do Ceará, e por isso, merece respeito e consideração, que se materializem em ações que promovam a reestruturação de nosso corpo docente e a recomposição salarial.
É necessário lembrar que a nossa Uece é a instituição de ensino superior que tem maior oferta de vagas/cursos noturnos no Ceará. Esse tipo de comprometimento com a classe trabalhadora está na missão e na visão da nossa instituição, por isso, tudo o que se fizer para o fortalecimento do magistério superior não pode ser avaliado como um peso para o estado, e sim, como uma oportunidade de reconhecimento dos docentes que são responsáveis pela formação dos professores, que tem feito da educação básica do Ceará uma referência para todo o Brasil.
Por fim, é justo registrar o papel fundamental que o "cinturão crítico" das universidades, em especial a Uece, tem desempenhado nas últimas eleições. Nunca é demais lembrar, 2026 é logo ali.