Quando pautamos sobre o envelhecimento das populações LGBTQIA+I no Brasil, estamos refletindo sobre uma série de contextos e realidades que reverberam nas lutas por garantia de direitos.
O primeiro ponto é entender que estamos no país que há 15 anos seguidos mais mata pessoas LGBTQIA+I, sobretudo travestis e transexuais. Um Brasil no qual a expectativa dessas duas populações é de apenas 35 anos. Ou seja: para nós, o direito à vida ainda não é uma realidade. E não somente a partir da existência humana, mas o direito de viver com dignidade, trabalho, saúde, respeito…
Pessoas LGBTQIA+I idosas representam um grupo com trajetórias marcadas desafios que precisam ser reconhecidos. Mesmo diante de um contexto social estruturado pela LGBTIfobia, pessoas LGBTQIA+ historicamente envelhecem após uma vida marcada por exclusão, discriminação, abandono e rompimento familiar, sem moradia e direitos trabalhistas. Isso contribui para uma maior vulnerabilidade social, agravada pela solidão, isolamento social e falta de redes de apoio.
Outro ponto importante é o apagamento histórico. Muitas pessoas idosas LGBTQIA+ tiveram que esconder sua orientação sexual ou identidade de gênero durante grande parte da vida. Isso acarreta sofrimento psíquico e à sensação de que não há espaço para expressar plenamente quem são.
Nesse sentido, a 24ª Parada pela Diversidade Sexual do Ceará traz o tema “Quem Chora por Nós? Visibilidades, orgulho e direito de envelhecer!”, que acontece neste domingo (29/6), na avenida Beira Mar, em Fortaleza, vem refletir sobre as necessidades de iniciativas de acolhimento e inclusão, de políticas públicas voltadas às diversidades na terceira idade, como centros de apoio e convivência específicos, e a valorização da memória LGBTQIA+. Essas ações são fundamentais para garantir dignidade, respeito e qualidade de vida para tais populações.
Refletir sobre o envelhecimento LGBTQIA+ é refletir sobre justiça social, respeito à diversidade e construção de uma sociedade mais inclusiva. É necessário escutar essas vozes, reconhecer suas histórias e assegurar que possam viver essa etapa da vida com segurança, afeto e dignidade.