Algumas semanas atrás, estávamos todos em alerta máximo em razão do conflito aéreo entre Israel e o Irã. O conflito que Donald Trump nomeou de "Guerra dos Doze Dias" está agora adormecido, mas ocorreu e ainda pode despontar novamente em meio a um cenário internacional instável e que tem o seu tanto de imponderável e imprevisível.
Esta instabilidade faz parecer que a aposta da vez deve ser a instalação de regimes políticos duradouros, com estabilidade social e política e que estejam dispostos a negociar com vizinhos e potências de alhures. Porém, se a estabilidade internacional é um dos principais benefícios da instituição de organismos e regras internacionais no desenvolvimento da cooperação, da competição e do conflito entre os países, a instituição de uma "paz vinda de fora" pode gerar lacunas e traumas de longa duração.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, não escondeu sua aposta principal de queda do regime político no Irã. Sua estratégia de choque e pavor mirou numa queda, que não veio a partir de dentro. A partir de fora, porém, Netanyahu conta com um influencer que recentemente vem usando as redes sociais para se contrapor ao regime dos aiatolás no Irã: Reza Pahlavi, o filho do último monarca reinante no Irã que foi derrubado em 1979.
Em suas redes sociais, o filho do xá ostenta um misto de ostentação com promessas de restituição da estabilidade do país. A nostalgia que busca representar se soma aos seus discursos em encontros da diáspora iraniana em que prega a derrubada do regime iraniano e, sobretudo, a busca por relações mais próximas com Israel. É este o ponto que o torna ponto de contato preferencial para Netanyahu, quem propôs uma versão dos acordos de Abraão feitos com países árabes com o herdeiro persa exilado: o Acordo de Ciro, que prevê a restituição da monarquia no Irã em troca do apoio a Israel.
Ainda que a estratégia de Pahlavi não tenha tido sucesso imediato, esta política tem sido seguida por Netanyahu também com outros grupos políticos. Seu governo vem requentando ou criando líderes políticos que não necessariamente têm apoio popular, mas ajudam na sua campanha política por dividir o apoio aos regimes instituídos na região. A última tentativa foi a afirmação de que cinco xeques de Hebron sugeriram quebrar laços com a Autoridade Palestina, o que tira a legitimidade da organização para negociar com Israel.
Instituir autoridades a partir de fora - ou criar divisionismo por dentro de uma comunidade política - é um costume na estratégia de "dividir para conquistar". Resta observar se essas tentativas vão se materializar mesmo com o enfraquecimento político de Netanyahu.