Nos últimos dias, as emendas parlamentares voltaram ao centro do debate público, cercadas de polêmicas sobre sua destinação e aplicação. Ao contrário do que muitos imaginam, a emenda parlamentar não representa, por si só, um privilégio ou barganha política. Com mais de 30 anos de atuação em assessoria e consultoria ao setor público, considero essencial destacar um aspecto pouco discutido, mas decisivo: a responsabilidade técnica e a transparência na gestão desses recursos.
Quando proposta com critério e aplicada com seriedade, a emenda parlamentar pode ser uma ferramenta de transformação social e econômica, especialmente nos municípios mais vulneráveis. Viabiliza desde a compra de ambulâncias e equipamentos hospitalares até a reforma de escolas, pavimentação de ruas e ampliação de unidades de saúde.
Mais de R$ 50 bilhões foram aprovados pelo Congresso Nacional para a distribuição das emendas parlamentares em 2025. No entanto, apenas 1,78% desse montante foi empenhado nos primeiros 50 dias após a sanção da lei orçamentária, segundo dados da Secretaria de Relações Institucionais. O número revela a morosidade da execução e a urgência de maior planejamento técnico.
Para que esses resultados se concretizem, é fundamental haver um diagnóstico real das necessidades locais, um plano de trabalho estruturado e a atuação de uma assessoria técnica capacitada, que garanta a correta aplicação dos recursos. O cidadão costuma ver apenas o anúncio da emenda ou a entrega da obra. Porém, por trás disso, existe um fluxo técnico complexo da formalização ao cumprimento das metas e à prestação de contas junto aos órgãos de controle.
É nesse processo que o papel de assessores e consultores especializados torna-se essencial. Não basta aplicar o recurso; é preciso fazê-lo dentro da legalidade, com responsabilidade e eficiência. A transparência é o melhor antídoto contra o mau uso. Quanto mais claras forem as informações, menor será o espaço para erros, suspeitas e desperdícios.
Por isso, faço um apelo aos gestores e parlamentares: tratem cada emenda como um compromisso com a população. A credibilidade desse instrumento depende da forma como ele é conduzido.