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Sheila Pitombeira: Frei Tito, 80 anos, memória e Justiça
Opinião

Sheila Pitombeira: Frei Tito, 80 anos, memória e Justiça

.Foi preso e brutalmente torturado pelo Dops e pela Operação Bandeirantes (Oban), no período de 1969 a 1971, quando foi banido do Brasil como parte de um acordo político que trocou presos políticos por um embaixador sequestrado
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Sheila Pitombeira (Foto: Arquivo pessoal )
Foto: Arquivo pessoal Sheila Pitombeira

Frei Tito de Alencar Lima foi um frade dominicano, militante estudantil e símbolo da resistência à ditadura militar no Brasil. Nascido em Fortaleza, em 14 de setembro de 1945, sua vida foi marcada por coragem, espiritualidade e profundo compromisso com os mais vulneráveis. O ano de 2025, marco de seus 80 anos, está sendo celebrado com iniciativas que unem história, arte e educação, como a Exposição “80 anos de Frei Tito: Memória e Justiça”, no Espaço Cultural do Ministério Público do Ceará.

Desde cedo, Tito demonstrou sensibilidade às questões sociais. Influenciado por sua irmã Nildes, envolveu-se com a Juventude Estudantil Católica (JEC) e com a União Cearense de Estudantes Secundaristas, atuando em comunidades pobres. Esse engajamento precoce moldou sua visão crítica e solidária, aproximando-o da Ação Católica e, posteriormente, da Ordem dos Dominicanos.

Em 1963, assumiu a direção regional da JEC no Nordeste. Três anos depois, ingressou no noviciado dominicano em Belo Horizonte, fazendo seus votos religiosos em 1967. Em São Paulo, estudou Filosofia na USP e aprofundou sua militância estudantil, tornando-se figura central na organização do 30º Congresso da UNE em Ibiúna, em 1968.

Foi preso e brutalmente torturado pelo Dops e pela Operação Bandeirantes (Oban), no período de 1969 a 1971, quando foi banido do Brasil como parte de um acordo político que trocou presos políticos por um embaixador sequestrado.

Mesmo longe do Brasil, exilado na França, onde viveu seus últimos anos, Tito continuou a carregar os traumas da tortura desumana a que foi submetido, tornando-se um símbolo da luta pelos direitos humanos. Esse suplício chegou ao paroxismo quando, em agosto de 1974, aos 28 anos, cometeu suicídio em Éveux, França.

A sua memória é mantida viva por meio de livros, peças teatrais, filmes e homenagens públicas, pois não era apenas um religioso, mas um poeta, um militante social. Um sonhador!
Sua vida e morte nos convidam a refletir a memória histórica e o papel da juventude na construção contínua de um país mais justo e solidário.

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