Vivemos em uma era em que a tecnologia ocupa papel central em nossas vidas. Smartphones, tablets e redes sociais se tornaram extensões do cotidiano, mas o excesso de exposição, especialmente entre crianças e adolescentes, acende um alerta urgente. A professora Vanessa Cavalieri, uma das maiores autoridades da América Latina na temática da proteção digital infantojuvenil, tem chamado a atenção para os riscos da superexposição dos jovens.
Em sua brilhante palestra no Seminário Futura Trends, ressaltou que a vulnerabilidade da infância exige proteção redobrada diante de conteúdos e dinâmicas que podem comprometer a saúde emocional e social. "Impor limites digitais não é tolher liberdade, mas garantir que crianças e adolescentes tenham condições de crescer de forma saudável em um mundo conectado."
Paralelamente, a ciência começa a desvendar como o uso intensivo de dispositivos digitais impacta o cérebro. Um artigo da Smithsonian Magazine, de Amber X. Chen (2025), aponta evidências, ainda iniciais, mas preocupantes: estudos com imagens de ressonância magnética sugerem que a dependência de smartphones pode estar associada à redução do volume de massa cinzenta em áreas cerebrais ligadas à memória, controle de impulsos e aprendizado.
Ou seja, não se trata apenas de distração ou perda de tempo, mas de potenciais alterações estruturais no desenvolvimento cognitivo. Nesse cenário, pais, educadores e sociedade têm o dever de agir. Amar é estabelecer limites claros: regular o tempo de tela, acompanhar o que é acessado, incentivar atividades offline e cultivar espaços de diálogo.
Não basta proibir; é preciso orientar, dar o exemplo e mostrar que a tecnologia deve ser aliada, não prisão. Ao regular o uso da internet, protegemos não apenas o presente das crianças e adolescentes, mas também o futuro de sua autonomia intelectual, emocional e social. Em última análise, amar é cuidar -- e cuidar, neste tempo digital, é também ensinar a desconectar.