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João Aglaylson: Transporte público: um debate que Fortaleza precisa enfrentar
Opinião

João Aglaylson: Transporte público: um debate que Fortaleza precisa enfrentar

Uma política de integração entre os sistemas metroviário e rodoviário, deixaria nosso transporte mais ágil e capaz de atender melhor às necessidades da população de Fortaleza. Não podemos é ficar à mercê dos empresários
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João Aglaylson

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A paralisação de 25 linhas de ônibus em Fortaleza, promovida pelo Sindiônibus, expôs um problema estrutural do nosso transporte coletivo. Além de irresponsável, foi a prova de como as empresas ainda usam o sistema como instrumento de chantagem contra a população. O resultado foi o caos: atrasos, filas, trabalhadores sem chegar ao emprego, estudantes sem ir à escola e famílias com a rotina comprometida.

Hoje, o sistema se sustenta com tarifas dos passageiros e subsídios públicos. Em 2025, a Prefeitura destinará R$ 174 milhões (R$ 14,5 milhões por mês), enquanto o Governo do Estado contribui com isenção do ICMS do diesel (R$ 20 milhões/ano), do IPVA da frota (R$ 4 milhões/ano) e R$ 2 milhões para o Bilhete Único Metropolitano. Mesmo assim, o Sindiônibus alega que o modelo é insustentável.

A ampliação dos subsídios ao diesel já estava em pauta antes da paralisação. Mesmo assim, os empresários seguem pressionando. Repassar a conta para o trabalhador, está longe de ser a solução.

Insistir em um modelo baseado unicamente na catraca é condenar o sistema ao colapso. O ideal seria que Fortaleza migrasse para um modelo de remuneração por quilometragem, que paga pelo serviço prestado à cidade e não apenas pelo número de passageiros transportados.

Em Maricá (RJ), administrada pelo PT, o transporte é 100% gratuito desde 2014. Em 2024, os "Vermelhinhos" realizaram mais de 39 milhões de viagens gratuitas, gerando uma economia de R$ 16 milhões mensais para a população. Em Belo Horizonte, tramitou o PL do Busão 0800, que criaria um fundo custeado por empresas para subsidiar as passagens. Defendo que Fortaleza adote um mecanismo semelhante, abrindo caminho para, futuramente, avançarmos, com responsabilidade, no debate da tarifa zero.

Acredito que uma política de integração entre os sistemas metroviário e rodoviário, deixaria nosso transporte mais ágil e capaz de atender melhor às necessidades da população de Fortaleza. O que não podemos aceitar é ficar à mercê dos empresários. Garantir transporte digno é justiça social e é o caminho para uma cidade verdadeiramente inclusiva.

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