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Vinicius Modolo Teixeira: Venezuela e a estabilidade sul-americana
Opinião

Vinicius Modolo Teixeira: Venezuela e a estabilidade sul-americana

.Devemos lembrar que a Venezuela é uma grande produtora de petróleo e em seu território encontram-se as maiores reservas de hidrocarbonetos comprovadas, superiores às dos países do Golfo Pérsico
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Vinicius Modolo Teixeira

Professor Adjunto de Geografia Humana

A crescente tensão na Venezuela, ocasionada pelo intempestivo envio de navios e aviões estadunidenses para as proximidades da costa do país sul-americano, reascende antigos temores que há tempos pareciam debelados na região.

A despeito da realidade atual do país, configurações e questionamentos quanto às políticas internas que a Venezuela experimenta desde a ascensão do chavismo e sua sucessão por Nicolás Maduro, uma intervenção externa, com uso de força militar em larga escala, como a que os EUA ameaçam realizar, é amplamente ilegal do ponto de vista do direito internacional.

Além disso, pode-se questionar os reais interesses dos EUA, que dizem estar combatendo o narcotráfico e as supostas vinculações do Cártel de los Soles com o alto escalão do governo venezuelano.

Devemos lembrar que a Venezuela é uma grande produtora de petróleo e em seu território encontram-se as maiores reservas de hidrocarbonetos comprovadas, superiores às dos países do Golfo Pérsico e territorialmente mais próximas dos EUA. Outra questão, é que a Venezuela construiu durante o chavismo uma relação bastante próxima com Rússia, China e Cuba.

Com o presente momento Geopolítico do mundo caminhando inquestionavelmente para uma condição de multipolaridade, o que em termos práticos significa a erosão do poder relativo dos EUA, as reações belicosas são sintomáticas desse realinhamento.

Uma intervenção militar na Venezuela no presente momento causaria sérios danos à estabilidade regional, clivando os países sul-americanos entre os que seriam contrários a tais ações e os que se calariam ou até ousariam apoiar tais medidas.

Além das repercussões regionais, uma possível derrubada ou enfraquecimento do governo venezuelano poderia levar o país a um caos interno, situação pela qual os EUA não se responsabilizariam, e que os venezuelanos e seus vizinhos teriam que lidar.

Assim, ante ao que podemos e devemos questionar sobre as opções políticas da Venezuela, uma intervenção militar contra um país sul-americano seria catastrófica e retrocederia a estabilidade regional em várias décadas.

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