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Léo Suricate: Zona Viva, cultura, tecnologia e cidadania como projeto de Estado
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Opinião

Léo Suricate: Zona Viva, cultura, tecnologia e cidadania como projeto de Estado

Consolidar a Zona Viva como política pública de Estado é garantir perenidade e escala a uma ação que nasce do chão das comunidades. É reconhecer que cultura também é segurança, que juventude é futuro e que tecnologia é cidadania
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Leo Suricate (Foto: Arquivo pessoal )
Foto: Arquivo pessoal Leo Suricate

A Zona Viva de Cultura e Tecnologia (ZVCT) nasceu de um desejo muito antigo: ver o nosso Estado reencontrar o território e as pessoas que o moram e o constroem no dia a dia. A ideia ganhou forma em 2022, a partir da luta com o MTST e dos moradores do Residencial José Euclides, localizado no Jangurussu — território simbólico de resistência em Fortaleza.

Foi nesse Residencial, tão simbólico, que foi realizado o projeto piloto do programa Zona Viva. Atualmente o programa já conta com cinco unidades em Fortaleza, atuando na inclusão social, no desenvolvimento humano e na prevenção à violência juvenil em territórios urbanos vulneráveis.

Entre escutas e trocas com coletivos culturais e pesquisadores, amadureceu o sonho de que era possível transformar a experiência da periferia em política pública — viva, plural e próxima da realidade do povo. A partir desse caminho coletivo, apresentei na Assembleia Legislativa do Ceará um Projeto de Indicação de Lei que propõe instituir o Zona Viva como política pública de Estado.

A iniciativa prevê a implantação desses equipamentos voltados à cultura, tecnologia e cidadania em territórios urbanos vulneráveis, articulando formação, inclusão digital, geração de renda e prevenção à violência.

Mais do que espaços físicos, o Zona Viva busca ser um instrumento de transformação social.
A inovação, porém, não está apenas na estrutura física. Está na ideia de território como potência — espaço de vínculos, afetos, disputas e criação. A Zona Viva reconhece o que já existe — grupos culturais, redes juvenis, iniciativas comunitárias — e semeia condições para que tudo isso floresça, fortalecendo a autonomia, pertencimento, identidade e dignidade.

Cada unidade deve integrar quatro eixos: cultura e memória; tecnologia e inclusão digital; qualificação profissional e empreendedorismo; cidadania e direitos. Sua gestão deve ser compartilhada com a comunidade, coordenada por um conselho intersetorial que reúne Estado, instituições de ensino e sociedade civil — modelo que alia participação popular e transparência.

Consolidar a Zona Viva como política pública de Estado é garantir perenidade e escala a uma ação que nasce do chão das comunidades. É reconhecer que cultura também é segurança, que juventude é futuro e que tecnologia é cidadania.

A Zona Viva é mais que um projeto: representa um novo modo de fazer política, que começa lá na ponta onde a vida acontece — nos territórios que resistem e reinventam o Ceará todos os dias.
É essencial que o Governo do Estado do Ceará acolha a proposta, assegurando orçamento, estrutura e continuidade. Apoiar a Zona Viva é investir no futuro e na democracia — é fazer do território o verdadeiro lugar da política.

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