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Vicente Flávio Belém Pinho: O fechamento da fábrica
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Vicente Flávio Belém Pinho: O fechamento da fábrica

Para conter a barbárie atual é preciso ir às raízes para encontrar mecanismos financiadores da saúde, da educação e de obras de infraestrutura física e social
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Vicente Flávio Belém Pinho

Articulista

Quando vemos, ainda que pela televisão, um corpo estendido no chão isto (ainda) nos choca, nos incomoda... não é agradável. E esta cena diária nos é mostrada. Repetidamente. Quase sempre é de alguém da periferia.

Quando cinquenta corpos são espalhados e vistos em nível nacional isto provoca o que em nós? Incômodo com tanta notícia ruim (como se não fosse a própria vida atual), lamentos e até há alguém que diz friamente que "são bandidos a menos".

Depois de tanta cena repetida, temos poucas discussões sobre as razões desta violência explícita no Brasil atual. Temos preguiça de pensar e somos, por vezes, indiferentes ao sofrimento dos outros.
Sabemos do tamanho do crime que se organizou, da economia do tráfico de drogas e das ciladas plantadas por quem ganha no caos.

Parece(?) evidente que uma das razões deste cenário de guerra está nesta sociedade rica para poucos e de serviços públicos quase inacessíveis para muitos. Mesmo com o SUS o direito à vida é uma promessa não cumprida, mesmo com o Ceará Sem Fome sobra na vida de luxo e falta no atendimento à fome por educação de qualidade, por transporte público eficiente, por moradia e trabalho digno.
Não há recursos? Eles existem e estão abocanhados pelos credores da dívida pública mantida pelos juros exorbitantes que enterram dinheiro e esperam o resultado financeiro sem ligação alguma com o mundo da economia produtiva. Eles existem e são majoritariamente drenados para a especulação de um mercado distorcido.

Sabemos que de todo o orçamento público mais de 40% é tragado para o pagamento de juros desta dívida nunca auditada? Que o dinheiro em caixa do Banco Central tem o seu rendimento direcionado para os bancos privados? Que a conta de Reserva (dinheiro guardado) é excessiva e poderia ser, em parte, aplicada para projetos estruturantes que nos levassem a outro patamar de cidadania?
Para conter a barbárie atual é preciso ir às raízes para encontrar mecanismos financiadores da saúde, da educação e de obras de infraestrutura física e social. A economia age, depois o direito e a segurança pública.

 

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