O Ceará vive um momento histórico na economia digital. Nosso Estado, que já se consolidou como referência nacional em energia limpa e conectividade internacional, agora assume papel central no mapa global dos datacenters — estruturas essenciais para o funcionamento da inteligência artificial, da nuvem e de toda a infraestrutura que move o mundo moderno.
O avanço da inteligência artificial tem provocado uma verdadeira corrida global por infraestrutura digital. No Brasil, isso se reflete em uma enxurrada de pedidos para instalação de datacenters — prédios que abrigam supercomputadores. Essa oportunidade, porém, exige responsabilidade com o meio ambiente e planejamento adequado da ocupação territorial.
O Nordeste, especialmente o Ceará, concentra condições únicas para se tornar um grande hub de conectividade. A região atende empresas que buscam baixa latência, alta capacidade de transmissão e estabilidade, graças à ancoragem dos principais cabos submarinos do país.
Na Praia do Futuro, em Fortaleza, 17 cabos conectam o Brasil à Europa, África, Caribe e América do Norte. Trata-se da maior infraestrutura da América Latina e a 17ª do mundo, responsável por 90% do tráfego internacional que entra ou sai do país.
Não por acaso, o Ceará já ocupa o 3º lugar nacional em número de datacenters, com 12 instalações que somam 20 MW, operadas por empresas como Angola Cables, Ascenty e Hostweb. Esse ecossistema ganhou ainda mais força com o lançamento do Mega Lobster, da Tec’to Data Centers, inaugurado no dia 24 de outubro. Com investimento de R$ 550 milhões, o empreendimento se torna o maior datacenter do Nordeste, operando com energia 100% renovável e um sistema de refrigeração inovador, que consome zero água.
Mas tamanho crescimento impõe desafios. A operação desses centros exige grande demanda energética e soluções avançadas de resfriamento. À medida que a IA evolui, aumenta o calor gerado pelos equipamentos e, consequentemente, o custo de arrefecimento. É fundamental incentivar tecnologias limpas, sistemas eficientes e projetos arquitetônicos que reduzam impactos ambientais e preservem o entorno das comunidades.
O Ceará já se adianta nesse caminho. O Estado receberá R$ 22 bilhões em novos parques eólicos e solares que abastecerão os datacenters do Pecém com energia renovável — garantindo sustentabilidade ao setor.
Outro desafio relevante é a formação de profissionais. Não basta erguer grandes instalações sem mão de obra qualificada para operá-las. Especialistas em redes, computação, segurança e IA estão em falta no mundo inteiro.
Por isso, investir em educação, ciência e tecnologia — bandeiras que sempre defendi — será decisivo para transformar potencial em desenvolvimento real. O Ceará está pronto para liderar essa nova era digital, com inovação, responsabilidade e sustentabilidade.