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Wladimir d'Alva: Visual de advogado, conduta de criminoso e o golpe do falso advogado
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Opinião

Wladimir d'Alva: Visual de advogado, conduta de criminoso e o golpe do falso advogado

O cliente deve confirmar qualquer informação diretamente com seu advogado pelo número já conhecido e utilizado rotineiramente, ou, se necessário, dirigir-se pessoalmente ao escritório
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Wladimir da Alva, advogado e professor universitário (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Wladimir da Alva, advogado e professor universitário

O crime do falso advogado tem crescido de forma acelerada no Ceará e em diversas regiões do país. A prática consiste no vazamento indevido de dados processuais de jurisdicionados e de seus representantes legais, informações que acabam chegando às mãos de estelionatários. De posse desses dados, os criminosos criam perfis falsos de WhatsApp utilizando fotos reais retiradas das redes sociais do advogado, simulando uma comunicação aparentemente legítima.

O discurso empregado é convincente e reproduz com precisão a rotina forense, o que aumenta o risco de a vítima acreditar na fraude. A abordagem segue um roteiro comum. Os golpistas informam à vítima que seu processo teria sido "ganho" e que haveria um valor expressivo disponível para saque.

Aproveitando-se da confiança natural entre cliente e advogado, afirmam que seria necessário efetuar um pagamento rápido para liberar a quantia. As justificativas incluem supostas custas processuais, taxas de desbloqueio, emolumentos, imposto de renda, IVA e custas cartorárias. Todas essas exigências são fraudulentas e servem apenas para conferir aparência de legalidade ao golpe.

Diante do avanço desse estelionato digital, a OAB Ceará, o Tribunal de Justiça e a Polícia Civil intensificaram ações coordenadas de prevenção e combate. A OAB-CE ampliou campanhas educativas, divulgou alertas, lançou cartilhas de orientação e registrou mais de 1.200 denúncias em pouco mais de um ano, além de aderir formalmente à campanha nacional promovida pela OAB Federal para padronizar a resposta institucional em todo o país.

A entidade também mantém atuação conjunta com a Delegacia de Defraudações, trocando informações e fortalecendo estratégias investigativas. A Polícia Civil, por meio de operações específicas, já prendeu integrantes de grupos criminosos, apreendeu celulares e mapeou redes que acessavam dados processuais para dar verossimilhança às fraudes.

O Tribunal de Justiça reforçou protocolos de segurança digital, aprimorou mecanismos de proteção de dados e atua em cooperação com as demais instituições para coibir acessos indevidos ao sistema e reduzir o risco de exposição de dados sensíveis.

A orientação mais segura permanece simples e eficaz. O cliente deve confirmar qualquer informação diretamente com seu advogado pelo número já conhecido e utilizado rotineiramente, ou, se necessário, dirigir-se pessoalmente ao escritório.

Nenhum profissional sério solicita depósitos por aplicativos de mensagem para liberar valores judiciais, tampouco trata de questões financeiras por meio de contatos não identificados. Diante de qualquer suspeita, é fundamental registrar boletim de ocorrência, medida que auxilia as autoridades na identificação das quadrilhas e no enfrentamento desse tipo de fraude.

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