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Paulino Fernandes de Lima: Mais que uma mera polarização
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Paulino Fernandes de Lima: Mais que uma mera polarização

.É curioso observar como essa disputa reducionista nos relega à condição de torcedores fanáticos de um campeonato em que só existem dois times
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Paulino Fernandes De Lima

Defensor Público do Estado de Pernambuco e professor

Observando-se o atual cenário político em que estamos, forçosamente, envolvidos, conclui-se, de forma fatal, que paramos no tempo, envoltos em duas bestas escolhas entre quem deve deter as rédeas do País, como se não existisse mais opção entre os mais de duzentos milhões de brasileiros.

Essa tola percepção, ao invés de ter desaparecido, ou ao menos diminuído, depois das experiências que tivemos com ambas as figuras que lideram essa divisão, só aumenta a cada dia, guiada pelos sentimentos mais mesquinhos, que dobram e redobram as apostas, não para se comprovar a escolha do melhor para o País, mas para, inacreditavelmente, ver quem tem razão.

Nessa burra toada, seguimos há alguns anos, erguendo e soerguendo bandeiras vãs em defesa de um lado ou de outro.

Se ainda não há clareza nesse intróito de autêntica e legítima opinião de mais um dos que integram os milhões de brasileiros, vou chegar mais perto agora, com a seguinte ilação: a solução para o País não pode ser atribuída a duas únicas opções de representatividade política, tampouco a idéia suicida daquela música que pregava ser a solução do País, alugá-lo.

Não, deveras não. Temos "um tento ou cento" (parafraseando Guimarães Rosa), de caminhos para que nosso Brasil possa voltar aos trilhos, sem que se acentue mais ainda o fosso e indesejável que a tantos separa, como se dependêssemos dessa indesejável cisão para sair de uma medonha e crônica crise em que fomos inseridos.

Não é possível que ainda estejamos no mesmo ciclo de indecisões e divergências, em que nos encontrávamos, desde que se instalou no Pais essa pequenez humana, que nos circunscreve, indesejavelmente a dois lados, de mesma ou quase mesma moeda.

Os desafios para a sobrevivência do País são maiores do que essa tal de "polarização", até na infeliz escolha do termo adotado para denominá-la..

É curioso observar como essa disputa reducionista nos relega à condição de torcedores fanáticos de um campeonato em que só existem dois times. Assim, assistimos a uma pantomima de vaidades, onde cada tropeço é saudado como triunfo pelo adversário, e cada vitória é celebrada como se resolvesse o drama nacional.

Enquanto isso, os problemas reais - saúde precária; educação claudicante; segurança pública em frangalhos; meio ambiente dilacerado - seguem aguardando na fila da UPA institucional, sem senha e sem médico de plantão.

 

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