Mesmo sob incertezas, talvez devido à elas: "o momento que passamos nos faz questionar o nosso consumo, a nossa relação com as coisas. E a moda, vista como uma constante interpretação da realidade, precisa captar o novo tempo que vivemos e repensar não só nossas roupas, mas a mensagem que as marcas têm a passar para nós. Acredito que essa mensagem precisa dar sentido, atravessar", entende Ana Carla Cavalcante, 22, do @anacavalcante.studio.

A cearense, recém-formada designer de moda, é autora de uma das ilustrações feitas a convite do especial "Moda na pandemia", do O POVO . "Desenvolvi uma ilustração chamada 'O reencontro'", na visão de Ana: "o que temos a agregar nessa troca entre cliente e empresa no cenário pós pandemia", sem carecer descrição; fala por si.

"A ilustração foi colorida com uma estampa exclusiva pensada em cores primárias e elementos básicos, orgânicos, seguindo uma tendência de conexão e valorização do simples, do natural e atemporal", em decorrência das novas relações, involuntariamente acentuadas com a permanência do coronavírus.

"Algo que já acontecia eram as feirinhas colaborativas ao ar livre e que já vinham ganhando espaço no cenário local. No pós pandemia, acredito que elas voltem com força, pois traz a moda diversa que temos, nossa cultura e gira a economia, além de trazer uma segurança por ser em um ambiente aberto", imagina Bianca Limas (@bilimas), 22, cearense, estudante de moda, em resposta ao convite de ilustração: "ver com o amanhã".

Também é dele, de Douglas dos Santos, 20, estudante de moda, ilustrador, astrólogo, performer e observador social, uma das ilustrações do episódio que desenha o "futuro" (hoje!). "Inspirado nas leituras de Criolo e Jessé de Souza, apresento a obra 'Shinigami de Alta Patente'. Um messias, um salvador ou um juiz? O martelo está sendo batido todos os dias, façam suas orações e usem máscara", comenta o estudante paulista do @dasartistica, morando no Ceará desde 2017.

Para Eduarda Silveira (@aurorescer), 22, designer e produtora de moda cearense, que assina ilustração, a resposta, sem a obrigação de tê-la, apenas um olhar sobre o "pós", talvez esteja mais próxima, no entre, do que fora. "Resolvi fazer um autorretrato porque vejo a moda sendo de fato um autorretrato de o que cada um se tornou após a pandemia", conta.

"Estamos cada vez mais tentando nos conectar com o mundo e com a natureza de dentro de casa, cultivando mais plantas, aderindo a costumes mais sustentáveis, estamos nos reinventando diariamente para conviver melhor com o isolamento e acho que levaremos isso pra rua quando tudo passar, respeitando o planeta e aderindo à moda de forma também mais sustentável, comprando de marcas locais, brechós, reinventando aquelas roupas que estavam paradas no armário. Acho que é sobre respeitar o planeta, os nossos produtores locais e nós mesmos", reflete.

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