Em pronunciamento de rádio e TV ontem, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que "incêndios florestais existem em todo mundo e não podem servir de pretexto para sanções internacionais".
Sob pressão de países como França, Alemanha, Reino Unido e Irlanda, que ameaçam o acordo firmado entre a União Europeia e o Mercosul, Bolsonaro reconheceu que o governo "não está satisfeito com o que estamos assistindo", mas que é preciso "ter serenidade ao falar dessa matéria".
Bolsonaro acrescentou: "Espalhar dados e mensagens infundadas dentro ou fora do Brasil não contribui para resolver o problema e se presta apenas ao uso político e a desinformação".
Embora não o tenha citado nominalmente, a fala se dirigia ao presidente francês, Emmanuel Macron, que compartilhou imagem antiga de incêndio ao tratar da crise ambiental nas redes sociais — o líder estrangeiro pretende discutir o assunto na reunião do G7, prevista para este fim de semana.
De pouco mais de quatro minutos, o pronunciamento é parte da estratégia presidencial de retomar controle da narrativa em torno das queimadas. Ainda ontem, Bolsonaro reuniu a cúpula governista para encontrar respostas à tragédia na Amazônia, que tem repercutido internacionalmente.
Nessa sexta-feira, protestos foram registrados em várias cidades do mundo. No Brasil, "panelaços" acompanharam a exposição de Bolsonaro, gravada e veiculada em cadeia nacional.
Entre os itens do plano apresentado, Bolsonaro enfatiza a assinatura também ontem do decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). No vídeo, o presidente chama a medida de GLO ambiental, destinada a estados atingidos pelas queimadas que desejarem ajuda das Forças Armadas.
"Tenho profundo amor e respeito pela Amazônia. A proteção da floresta é nosso dever", disse o pesselista. "Este é um governo de tolerância zero com a criminalidade. E nesta área não será diferente."
Assista ao pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro
Sem responder às críticas de outros países, o chefe de Estado brasileiro assinalou que o País "continuará sendo, como foi até hoje, amigo de todos e responsável pela proteção de sua floresta amazônica".
Antes disso, o presidente repetiu argumento já utilizado noutras falas públicas sobre os incêndios: "Queimadas ocorrem com maior frequência nesta época e estão na média dos últimos 15 anos". Em seguida, voltou a alfinetar nações europeias: "Países desenvolvidos não conseguiram avançar com seus compromissos no âmbito do acordo de Paris".
Bolsonaro não mencionou conversa com Donald Trump, mas informou que alguns líderes se solidarizaram com o Brasil e se prontificaram a levar a posição do Itamaraty para o encontro do G7.
Pelas redes sociais, o presidente dos EUA confirmou que havia conversa com o colega brasileiro, a quem prometeu auxílio para combater os incêndios que atingem a Amazônia. Trump também destacou a boa relação entre os dois países. (com agências)
Roraima
O governador Antonio Denarium (PSL), negou ontem que Roraima sofra com queimadas, embora o Inpe aponte a região como uma das que registram maior índice de focos de incêndio.