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Líder do MST, Stédile vira cearense em clima de críticas a Bolsonaro
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Líder do MST, Stédile vira cearense em clima de críticas a Bolsonaro

Evento foi marcado por menções ao ex-presidente Lula e por homenagem aos 30 anos no Ceará do movimento por reforma agrária
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 STÉDILE foi homenageado no plenário da Assembleia Legislativa que lotou de membros do MST e líderes sindicais (Foto: Júnior Pio/AL-CE)
Foto: Júnior Pio/AL-CE  STÉDILE foi homenageado no plenário da Assembleia Legislativa que lotou de membros do MST e líderes sindicais

O economista e líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, recebeu ontem o título de cidadão cearense na Assembleia Legislativa (AL-CE). O plenário da Casa ficou lotado, com a presença de líderes do campo progressista, membros do MST e de frentes sindicais. A homenagem é resultado de projeto de lei do deputado Elmano de Freitas (PT).

O gaúcho citou o poeta Patativa do Assaré e o cantor e compositor Belchior como símbolos do Estado e incentivadores do pensamento, sobretudo da juventude. Também jogou holofotes para o ex-presidente Lula, preso em Curitiba. Segundo Stédile, o petista é vítima de processo viciado.

Stédile ainda reverenciou Eudoro Santana, pai do governador Camilo, a quem chamou de Jetro, sogro de Moisés — o personagem bíblico aparece no livro Êxodo, tendo dado conselhos ao genro. "O Moisés são vocês", disse ele aos presentes, "mas quem estrategiava a luta, a caminhada, durou 40 anos para tirar o povo da escravidão no Egito era o sogro."

Ao O POVO, o líder do MST afirmou andar no Ceará há 30 anos, idade do MST no Estado — nacionalmente, a sigla tem 35 anos. "Como dizemos no Sul, é um povo que por mais que conviva com a seca, é um sábio. Que sabe produzir em condições muito mais adversas que nós lá do Sul."

O partido de Bolsonaro, o PSL, conduzido no Ceará pelo deputado federal Heitor Freire, manifestou repúdio à concessão da cidadania a Stédile. O argumento é de que ele não prestou serviços de relevância ao Ceará, requisito para nomeação. "É o criador do MST, notoriamente uma organização terrorista, que recebeu treinamento de milícias da Venezuela", disse Freire em nota.

AL entrega cidadania a Pedro Stédile em celebração dos 35 anos do MST Foto: Júnior Pio/AL-CE
AL entrega cidadania a Pedro Stédile em celebração dos 35 anos do MST Foto: Júnior Pio/AL-CE

Sobre a reação do PSL, Stédile afirma que "nem toma em conta", apesar de a direita poder expressar suas ideias. "Esse discurso de ódio, de confronto, que a direita explicita no Brasil não constrói nada. Então, não é novidade, mas não tomo em conta."

AL entrega cidadania a Pedro Stédile em celebração dos 35 anos do MST Foto: Júnior Pio/AL-CE
AL entrega cidadania a Pedro Stédile em celebração dos 35 anos do MST Foto: Júnior Pio/AL-CE

 Ex-assessor jurídico do MST, Elmano analisa que os pesselistas que se opuseram à homenagem não conhecem lutas e dificuldades pelas quais os adeptos do movimento passam. "Aqueles que não têm carinho pelo povo mais pobre, desses eu não espero coisa diferente", disse ele.

Elmano demonstrou emoção durante a sessão solene, sobretudo quando citou João Alfredo (Psol), que estava ali presente. Elmano foi assessor de Alfredo, quando ele ainda era deputado pelo PT. "Na época em que eu fui deputado federal, que eu fui o relator da CPI da Terra (2005, já pelo Psol), o Elmano foi uma pessoa que trabalhou diretamente comigo", explicou Alfredo.

"As pessoas até brincam na Assembleia, que é a 'bancada do João Alfredo', que são exatamente esses dois companheiros deputados estaduais", diz, referindo também a Renato Roseno, que já chefiou gabinete parlamentar de Alfredo.

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