O Subconselho de Ética da Assembleia Legislativa do Ceará aprovou o relatório da deputada estadual Augusta Brito (PCdoB) para suspender por 30 dias o mandato do deputado André Fernandes (PSL). O parecer refere-se à denúncia apresentada pelo deputado, ainda em junho, na qual ele relaciona e-sports a jogo do bicho, concluindo, assim, que Nezinho Farias (PDT) seria ligado à facção criminosa. Todos os votos do colegiado foram pela suspensão. O único a não votar foi Acrísio Sena (PT), que na véspera havia discutido com o bolsonarista em plenário. São cinco os integrantes do subconselho. Fernanda Pessoa (PSDB), em Brasília, não compareceu à reunião.
Agora, o relatório segue para o Conselho de Ética. Se este colegiado votar pelo prosseguimento do processo, o presidente da Casa, José Sarto (PDT), o terá em mãos. Cabe ao pedetista enviar à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. Nesta fase, apenas se averiguará se todo o rito foi devidamente cumprido, se algum desvio foi ou não cometido. Se a CCJ decidir que tudo se sucedeu corretamente, o processo volta para Sarto, que define o dia para levá-lo a plenário.
Apesar de o trâmite ser longo, deputados ouvidos por O POVO acreditam que o caso será encerrado ainda neste ano. O presidente do Conselho de Ética, Antônio Granja (PDT), tem até quatro sessões para convocar o colegiado após ter recebido relatório. "Acredito que deva se reunir na quarta ou na quinta-feira", projeta Granja sobre a próxima etapa. Ele também preside a CCJ da Casa.
Relatora no subconselho, Augusta Brito (PCdoB) leu parecer por mais de uma hora durante a reunião. Depois, dois advogados fizeram a defesa de Fernandes. Ela não quis falar sobre o teor do documento, já que secreto. Mas, adiantou que, caso não conseguisse encaminhar relatório a Granja ainda ontem, o faria nesta quinta.
Ao deixar o salão nobre da Presidência da Casa, onde se deu a reunião, Fernandes se recusou a dar entrevista coletiva, já que O POVO estava à espera dele e dos demais membros do subconselho. "Tem Jornal O POVO?", perguntou. Deixou o ambiente ao ouvir que sim. A reportagem questionou a assessoria sobre as razões dele. A equipe disse, via WhatsApp, "um minuto", mas não respondeu.
Vindo de entrevero com Fernandes da última terça-feira, 26, Acrísio Sena disse que houve interação normal com o pesselista durante reunião. "Debate virado, o debate político do plenário foi o debate político do plenário", separou. Disse ainda que não pretende representar contra Fernandes no Conselho de Ética, apontando quebra de decoro em razão dos vídeos publicados pelo pesselista sobre o governador Camilo Santana (PT) e a inauguração da CE-060. Ele havia qualificado a conduta como indecorosa.