O deputado estadual André Fernandes (PSL) deve assumir o comando do Aliança pelo Brasil no Ceará, partido que o presidente Jair Bolsonaro tenta criar a tempo de entrar nas disputas municipais de 2020.
Ainda em fase de implantação, a legenda aguarda definição do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a forma de coleta de assinaturas, se manuais ou digitais. São necessárias 500 mil.
A agremiação é o novo endereço de Bolsonaro, que deixou o PSL após entrar em rota de colisão com o dirigente nacional e deputado federal Luciano Bivar. No Ceará, além de Fernandes, já anunciou que irá segui-lo no Aliança o também deputado estadual Delegado Cavalcante, hoje no PSL.
Possível controle da máquina partidária impulsionaria uma virtual candidatura de Fernandes à Prefeitura de Fortaleza ano que vem, uma das metas do parlamentar quando ainda ocupava a presidência do PSL na Capital - o pesselista foi destituído a mando do deputado federal Heitor Freire, dirigente da sigla no Estado e adversário político.
A indicação do deputado para o posto, todavia, ainda não está totalmente sacramentada. Outro nome frequenta as rodas palacianas em Brasília, segundo O POVO apurou: o do presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih), Manoel Linhares.
Um dos fundadores do Aliança, Linhares é aliado de primeira hora de Bolsonaro. Sobre convite para presidir o partido no Ceará, o empresário afirmou que não houve gesto nesse sentido. "O presidente não convidou ninguém ainda. Ele quer fazer um partido de pessoas sérias, ficha-limpa. Um partido de patriotas que queiram um Brasil diferente", disse.
Questionado se aceitaria caso houvesse aceno para comandar o Aliança-CE, Linhares respondeu: "Eu estou aqui para servir ao Brasil e ao Bolsonaro, uma pessoa que quer um país diferente. É um caso a estudar".
Em seguida, ponderou que "há pessoas que estão no partido há mais tempo". Como exemplo, citou André Fernandes e Cavalcante, além de outros apoiadores do bolsonarismo. "Quero fazer parte do grupo, quero ajudar o presidente. Quero fazer parte de uma equipe que queira somar com o presidente", concluiu.
Um dos principais aliados de Bolsonaro no Ceará, Alex Melo, ligado ao "Endireita Fortaleza", garante que "a fase agora é de aguardar a decisão do TSE para saber se vamos poder coletar assinaturas digitais ou se serão manuais". Segundo o apoiador, as entidades "não estão focando ainda em nenhuma construção, nem para saber quem vai ficar nos diretórios".
Também do Endireita Fortaleza, Sandra Cordeiro afirma que o momento é de "começar a organizar as equipes" para a coleta de assinaturas a fim de conseguir registro do Aliança até março de 2020.