O presidente Jair Bolsonaro sinalizou ontem que vai sancionar o projeto de lei aprovado pelo Congresso em dezembro, que destina R$ 2 bilhões para o Fundo Eleitoral. Pressionado por manifestantes que gritavam contra o "fundão", Bolsonaro lançou uma campanha para que a população não vote em candidatos que usem dinheiro público em suas campanhas.
"Eu tenho um momento difícil pela frente que são os R$ 2 bilhões do fundão. Eu lanço a campanha aqui: não vote em parlamentar que usa o fundão", disse o presidente durante inauguração do novo pronto-socorro da Santa Casa de Misericórdia de Santos, no litoral paulista.
O presidente tem sido pressionado por apoiadores desde que o projeto de lei chegou para ser sancionado. O valor de R$ 2 bilhões foi negociado pelo governo com o Congresso.
Bolsonaro deu a entender que os atuais detentores de mandato devem usar de seus cargos para conseguir votos. "O parlamentar que já tem mandato, o prefeito, ele tem o momento para se fazer presente junto à população de modo que não precise de dinheiro para a sua reeleição ou até eleição", disse.
 O fundo eleitoral é abastecido com dinheiro do Tesouro Nacional e se destina ao financiamento das campanhas políticas. Ele foi criado em 2017 para compensar as perdas impostas por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que, dois anos antes, proibiu as doações de pessoas jurídicas para as campanhas eleitorais.
A distribuição da verba para candidatos fica a critério das cúpulas partidárias, que, em geral, privilegiam políticos com mandato. Bolsonaro pode sancionar ou vetar o valor.
Bolsonaro interrompeu as férias no Guarujá para participar da inauguração do Pronto-Socorro da Santa Casa de Santos. Bolsonaro e o provedor da hospital deram informações divergentes ao falar do papel do Governo Federal na obra. "A participação minha aqui foi mínima. Nós, ao fazermos a economia bem andar, liberamos todas as emendas parlamentares. O senhor me disse que parte ou grande parte destes recursos veio destas emendas", disse Bolsonaro ao provedor da Santa Casa, Ariovaldo Feliciano.
Minutos antes Feliciano, ao lado do presidente, disse que a obra foi totalmente bancada com recursos do hospital, sem dinheiro da União nem de emendas parlamentares. Naquele momento Bolsonaro prestava atenção nos manifestantes que o chamavam de "mito".
No fim do discurso, Bolsonaro, que costuma dispensar um tratamento agressivo aos jornalistas que cobrem o governo, fez um elogio à imprensa. "Um grande abraço à minha querida imprensa brasileira. Eu quero uma imprensa livre que transporte a verdade aos quatro cantos do Brasil. Eu reconheço o papel de vocês. Quero que a imprensa se recupere cada vez mais e apresente verdades ao nosso povo", afirmou. Os apoiadores reagiram com palavrões e ofensas aos jornalistas que cobriam o evento. (Agência Estado)
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Paulo Skaf
Bolsonaro foi à inauguração da unidade hospitalar acompanhado pelo presidente da Fiesp, Paulo Skaf, coordenador estadual do Aliança Pelo Brasil