O presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) e os apoiadores dele não conseguiram apresentar as assinaturas necessárias para fundação do partido Aliança Pelo Brasil. Com isso, a legenda não está habilitada para apresentar candidatos próprios para as eleições municipais deste ano. O número mínimo de apoios para criação da legenda no Tribunal Superior Eleitoral é 492 mil.
Para a socióloga do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lapem) da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Monalisa Soares, a ausência do partido nas eleições imporá que candidatos alinhados ao presidente se descentralizem, filiando-se a legendas que acharem empatia ideológica. “Tem um impacto, mas a gente não pode dizer que eles não terão força nessa disputa. O próprio partido do bispo Edir Macedo (Republicanos) terá lugar onde esses candidatos poderão se colocar” afirma.
No fim de março março, o senador por São Paulo Flávio Bolsonaro e o vereador pelo Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro, filhos do presidente da República, se filiaram ao Republicanos. A mãe deles, Rogéria, ex-mulher do chefe do Executivo federal, também foi para a legenda. A mudança de partido reforça a proximidade da família com a pré-campanha do prefeiro do Rio, Marcelo Crivella, bispo licenciado da Universal e que tentará a reeleição.
“Aqui no Ceará vamos nos aproximar dos partidos alinhados ao Bolsonaro. Varia por regiões, mas está entre Pros, Avante, Podemos e Republicanos”, afirma o deputado estadual Delegado Cavalcante (sem partido). Segundo o parlamentar, a orientação é que os grupos aliados ao presidente evitem alianças a partidos de esquerda “mais radicais como PT e Psol”.
Durante a crise da saúde provocada pela pandemia do coronavírus, também está em discussão a possibilidade de adiar a data da eleição. A medida daria mais tempo para a criação do partido do presidente. Contudo, próximo de assumir o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Luís Roberto Barroso, em nota, afirma ser contrário à decisão, ressaltando, porém, que a palavra final deve ser dada pelo Congresso, a quem caberia a aprovação de uma emenda à Constituição.
Em entrevista concedida ao Uol, o secretário-geral da agremiação de Bolsonaro, Admar Gonzaga, afirmou que foram coletadas mais de 1 milhão de assinaturas, mas apenas pequena parte delas chegou a ser validada. Segundo ele, a cúpula do partido nunca anunciou que disputaria as eleições deste ano.
Até meados de março, a legenda em formação não tinha qualquer assinatura validada no Ceará. Segundo a promotora do Aliança pelo Brasil no Ceará, Celly Duarte, o Estado coletou mais de 6 mil assinaturas, todas registradas no sistema do TSE, porém, que não foram entregues fisicamente no cartório eleitoral para homologação devido a problema técnico no sistema. “Por isso, quando é feita uma consulta no site do TSE para verificar o andamento das fichas, lá aparece como se o Ceará não tivesse fichas. Porém, é um erro afirmar isso” declara.