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Carreata faz apologia à ditadura militar e critica medidas de isolamento
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Carreata faz apologia à ditadura militar e critica medidas de isolamento

Apoiadores de Jair Bolsonaro distribuíram também ataques contra o Congresso Nacional e a imprensa que cobria os atos
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Fortaleza teve protestos pela reabertura. Agora, respeito à orientações é modo de garantir retorno (Foto: Aurelio Alves/O POVO)
Foto: Aurelio Alves/O POVO Fortaleza teve protestos pela reabertura. Agora, respeito à orientações é modo de garantir retorno

Vários carros se organizaram para ocupar a avenida Aguanambi durante a manhã de ontem, em manifestação contra as medidas de isolamento social adotadas pelo governador do Ceará, Camilo Santana (PT), como forma de prevenção ao novo coronavírus. Os manifestantes também direcionaram apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), crítico das medidas implementadas pela maioria dos governadores. O chefe do Executivo federal também participou das manifestações, em Brasília.

Assim como em outras capitais, com cartazes e faixas, clamaram ainda por nova ruptura democrática no País, aos moldes do que foi vivenciado sobretudo após a decretação do Ato Institucional Nº 5 (AI-5), em 1968, um dos 17 decretos da Ditadura Militar (1964-1985). A medida é considerada a mais severa do período. Cerceou liberdades, a exemplo do direito à livre manifestação.

O protesto de apoiadores do presidente ocorreu mesmo contrariando recomendação assinada por vários procuradores da República enviada a autoridades da Segurança Pública do Ceará. As sugestões foram acatadas pelo Estado, que tentou encurralar o fluxo dos carros. Viaturas da Polícia Militar do Ceará (PMCE), da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC) e da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) ficaram estacionadas no trecho entre as ruas Bonfim Sobrinho e Soriano Albuquerque.

Ali, a buzina dos veículos rivalizou com o tilintar de panelas vindos dos prédios do entorno, numa guerra de sons entre os apoiadores de Bolsonaro e os antipáticos às bandeiras empunhadas pelo capitão reformado e críticos de sua condução na Presidência. Em grande parte, os gritos eram "Bolsonaro tem razão", ao que a resposta consistia em "fora, Bolsonaro."

Ao O POVO, um idoso de 79 anos que se identificou como oficial da reserva do Exército afirmou que foi ao ato escondido dos filhos. Para ele, o novo coronavírus nada mais é que "uma gripe que matou 10% do que matou o sarampo, a coqueluche."

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Outro conteúdo do protesto foi a retórica anti-imprensa. Um homem que passou atrás do senhor reservista, ao perceber que ele conversava com a reportagem, bradou "Globo lixo" e "O Povo lixo". E emendou fala afirmando que mais grave que o coronavírus é o "comunavírus".

Camilo ainda seria tachado de "Nicolás Maduro do Ceará", em alusão ao presidente da Venezuela Nicolás Maduro. O ritmo de ataques a políticos também alcançou o Congresso Nacional e seus líderes, principalmente o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Ao serem abordados por policiais, o centro da argumentação dos manifestantes foi de que a Constituição assegurava o direito de ir e vir. O tenente Caldas, da PMCE, inquiriu dois jovens a bordo de um carro e explicou a eles o decreto que está em vigor no Estado, prorrogado ontem em mais 15 dias.

Apesar do trabalho das forças de segurança, veículos ainda rumaram para a sede da 10ª Região Militar, no Centro, para saudar a data em que se comemora o aniversário do Exército Brasileiro. No Forte de Nossa Senhora da Assunção, um dos cartazes dos manifestantes estampava a seguinte frase: "Generais, salvem o Brasil
do comunismo."

Em frente à sede da 10ª Região Militar, os profissionais do O POVO foram agredidos verbalmente com gritos de "vai cobrir a Venezuela" e "imprensa bandida".

 

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