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Moraes intima Facebook a cumprir ordem de bloqueio de bolsonaristas
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Moraes intima Facebook a cumprir ordem de bloqueio de bolsonaristas

| Combate a fake news | Ministro explica que perfis estavam acessíveis mesmo após ordens de suspensão devido a brechas das redes sociais
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MORAES abriu o sigilo do inquérito sobre atuação de Salles em favor de madereiras (Foto: fotos Nelson Jr./SCO/STF / Rosinei Coutinho/SCO/STF)
Foto: fotos Nelson Jr./SCO/STF / Rosinei Coutinho/SCO/STF MORAES abriu o sigilo do inquérito sobre atuação de Salles em favor de madereiras

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou ontem que o Facebook está descumprindo a decisão que determinou o bloqueio internacional dos perfis de usuários investigados pela Corte pela suposta divulgação de notícias falsas (fake news) e ameaças aos ministros.

Na decisão, Moraes aumentou o valor da multa diária pelo descumprimento para R$ 100 mil por cada um dos perfis que deveriam ser suspensos, mas continuam ativos fora do país. Anteriormente, a penalidade era de R$ 20 mil.

Além disso, o ministro determinou a intimação pessoal do presidente do Facebook no Brasil, Conrado Leister, para que a empresa pague imediatamente R$ 1,92 milhão referente ao não cumprimento da decisão antes do aumento da multa e para que o bloqueio seja cumprido imediatamente. Moraes afirmou ainda que a continuidade do descumprimento pode acarretar na "responsabilização penal pessoal" do executivo.

Em despacho, Moraes pontua que a decisão não caracteriza censura e que tampouco determinou o bloqueio dos perfis em outros países. O ministro explica que, devido a brechas das redes sociais, os perfis conseguiam se manter acessíveis a usuários mesmo após as ordens de suspensão. Como os perfis foram retidos apenas no Brasil, usuários de outros países conseguiam acessá-los - para isso, bastava apenas o usuário brasileiro trocar a sua localização no perfil, informando estar em outro país, por exemplo, que as contas dos bolsonaristas voltaram a ser acessíveis.

"Não se discute a questão de jurisdição nacional sobre o que é postado e visualizado no exterior, mas sim a divulgação de fatos criminosos no território nacional, por meio de notícias e comentários por contas que se determinou o bloqueio judicial", afirmou Moraes. "Ou seja, em momento algum se determinou o bloqueio de divulgação no exterior, mas o efetivo bloqueio de contas e divulgação de mensagens ilícitas no território nacional não importando o local de origem da postagem".

Mais cedo, antes da decisão que aumentou a multa, o Facebook disse que vai recorrer da decisão. "Respeitamos as leis dos países em que atuamos. Estamos recorrendo ao STF contra a decisão de bloqueio global de contas, considerando que a lei brasileira reconhece limites à sua jurisdição e a legitimidade de outras jurisdições", declarou a empresa em nota.

Entre os usuários que tiveram as contas suspensas estão os blogueiros Allan dos Santos e Bernardo Kuster, os empresários Edgar Corona e Luciano Hang, o ex-deputado Roberto Jefferson e a ativista Sara Giromini, conhecida como Sara Winter.

O Twitter, que também foi obrigado a bloquear o perfil dos investigados fora do país, informou que cumpriu a decisão e também vai recorrer ao STF.

"O Twitter bloqueou as contas para atender a uma ordem judicial proveniente de inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF). Embora não caiba ao Twitter defender a legalidade do conteúdo postado ou a conduta das pessoas impactadas pela referida ordem, a empresa considera a determinação desproporcional sob a ótica do regime de liberdade de expressão vigente no Brasil e, por isso, irá recorrer da decisão de bloqueio". (das agências)

 

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