Pré-candidato a prefeito de Fortaleza, o deputado federal Célio Studart (PV) quer se apresentar ao eleitor como a "terceira via", uma opção à crescente polarização entre pedetistas e Capitão Wagner (Pros) na Capital. Mais do que isso, como nome de fora dos grandes arranjos partidários e financeiros ao lado dos quais esses dois polos irão medir forças nas urnas em novembro.
Na terceira entrevista da série com os 17 prefeituráveis, ontem na Rádio O POVO CBN, Célio frisou ter sido eleito vereador de Fortaleza (2016) e deputado federal (2018) "sem apoio de grandes nomes da política cearense", somente com a força das redes sociais. E reforçou aos jornalistas Farias Júnior, Ítalo Coriolano, Rachel Gomes e Vitor Magalhães: "Eu, sim, realmente, não tenho estrutura partidária grande para concorrer."
Além de demarcar independência das grandes alianças, mesmo que o PV faça parte da base de Roberto Cláudio (PDT), o tom de Studart vai indiretamente na direção do áudio vazado no qual supostamente o deputado estadual Bruno Gonçalves (PL) tenta cooptar com dinheiro financeiramente, inclusive citando verbas públicas, a ida de Maninho Palhano (Pros) para a base de RC.
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"Estivemos no lançamento da nossa pré-candidatura ainda no início de janeiro e estamos consultando nosso partido para saber que tipo de estrutura temos para concorrer. É um ponto a ser levado em consideração", ele reconheceu, "mas não é um ponto que me amedronta. Não tenho receio, diferente de grande parte dos candidatos, que precisam buscar aliança de 'N' partidos, de concorrer sem apoio de nenhum".
Questionado sobre como se situa em relação ao Paço, Studart não se identificou como base ou oposição a Roberto Cláudio, e disse que pode contribuir independentemente "de lado ou de partido político".
Ao ser indagado sobre a aprovação do Conselho Gestor para início de estudos para construção de empreendimento imobiliário de mais 50 hectares na Área de Proteção Ambiental (APA) na Sabiaguaba, ele afirmou ser contrário à iniciativa.
"Analiso de forma muito crítica, tanto que fui imediatamente ao Ministério Público pedir e ao Ibama solicitar que não permitisse qualquer votação sobre aquela área. Não tenho dúvida que nossa defesa fortaleceu", afirmou sobre a decisão da autarquia federal embargou a realização de estudos na área.
Ainda sobre a condução da agenda ambiente pela Prefeitura, afirmou que "perdemos área equivalente a 1.600 campos de futebol. E não posso fazer coro ao discurso de que você pode desmatar área verde e plantar muda, desmatar árvore centenária e colocar nim ali."
O parlamentar foi ainda indagado sobre o uso de recursos públicos para campanhas eleitorais, outra das bandeiras empunhadas por ele desde o início da trajetória. Embora tenha votado contra a ampliação do Fundo Eleitoral, avaliou ter sido "grande avanço" retirar o financiamento de empresas. Na campanha passada, ele teve à disposição R$ 669.088 dos partidos, de acordo com o DivulgaCand, do Tribunal Regional Eleitoral no Ceará (TRE-CE).
Série
A série de entrevistas com pré-candidatos à Prefeitura de Fortaleza tem continuidade hoje, das 9h05min às 9h30, na Rádio O POVO CBN. O convidado será Ferruccio Feitosa, do PDT.