Já entregue ao Tribunal Regional Eleitoral no Ceará (TRE-CE) para o segundo turno da eleição em Fortaleza, a Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE) não teve sessão ontem, mas se prepara para retornar com a abertura de uma discussão que costuma esquentar os bastidores da Casa: a definição da Presidência e dos demais cargos da Mesa Diretora. Pelo menos em caráter público, pois, nos bastidores, já existem conversas preliminares sobre o tema. A eleição está programada para dezembro.
Houve acordo informal e público de que os membros da atual Mesa para o biênio 2019-2020 não retornariam às principais cadeiras do Parlamento Estadual. Seria modo de prestigiar aqueles que não foram contemplados de início e de àquele momento atingir um consenso mais rapidamente.
Contudo, já há quem diga reservadamente que o objeto do acordo era a Presidência que, com eventual vitória de Sarto nas urnas, deixaria de existir, pois o cargo máximo já estaria desocupado.
Caso ocorra a vitória do pedetista no próximo domingo, 29, estarão abertas brechas políticas para que nomes como o de Evandro Leitão (PDT), 1º secretário, e de Fernando Santana (PT), vice-presidente, ganhem força.
Naquelas discussões, nomes que se articularam para chegar à Presidência preferiram ficar de fora da Mesa. Isso para que chegassem ao período que se aproxima com possibilidades de ocupar a cadeira deixada por Sarto. É o caso de Tin Gomes e Sérgio Aguiar, ambos do PDT. A possibilidade de que retorne à AL o Secretário das Cidades, Zezinho Albuquerque (PP), também é citada.
"Bom, eu sou candidato, agora a gente vai intensificar mais as conversas com os pares, os parlamentares, com o PDT, agora a partir de terça-feira. Vamos deixar terminar o segundo turno, todos nós estávamos em campanha no dia anterior", afirma Tin Gomes, adicionando que "devo ter uma conversa na semana com o senador Cid (Gomes, do PDT)".
"Estamos focados na eleição do segundo turno em Fortaleza. Acredito que em seguida começam as conversações", diz Sérgio Aguiar, em tom similar ao de Tin.
"Anteontem, o Cid foi praticamente se reunindo o dia inteiro com deputados estaduais e federais, pedindo que não descansem, trabalhem e deem capilaridade para a campanha em Fortaleza. Quem pensa em disputar espaço na Mesa Diretora entende que é importante a eleição do Sarto, é uma vaga que se abre na Mesa", explicou um interlocutor de Sarto, numa afirmação que justifica o tom dos demais.
O pedetismo trata com cautela a sucessão da Mesa Diretora. Prega-se como objetivo número um a eleição de Sarto ao Paço Municipal. Entrar abertamente na agenda política do Legislativo poderia levar ao entendimento de que a fatura contra Capitão Wagner (Pros) estaria liquidada, tudo o que a campanha governista não quer.
A sucessão de Sarto na Mesa Diretora também ganha importância em razão de que, em 2022, a linha sucessória do Governo do Ceará pode alcançar o deputado estadual que estiver presidindo a Casa.
Se o governador Camilo Santana (PT) se lançar ao Senado Federal e a vice-governadora Izolda Cela (PDT) for candidata a deputada federal, por exemplo, o novo presidente da Assembleia ocupará o Palácio da Abolição em caso de licença dos dois para a campanha.
Se a Presidência da Casa já é importante na perspectiva administrativa do governador, torna-se então mais relevante pelo fator político futuro. É processo que passar por Camilo e também pelo líder do grupo governista, o senador Cid Gomes (PDT), que vai acompanhar de perto o desenrolar das negociações.