A eleição que define o próximo presidente da Câmara Federal será apenas em fevereiro de 2021, mas os bastidores do Congresso Nacional já estão aquecidos com diálogos que buscam unificar posições. A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que barrou a reeleição de Rodrigo Maia (DEM), foi definida em votação apertada (7 a 4) e alterou o panorama da disputa pela presidência do Legislativo.
O líder da oposição, André Figueiredo (PDT-CE), elogiou a postura do STF, apesar do bom relacionamento com Maia. "Nós tínhamos explicitado o nosso posicionamento contrário à possibilidade de mais uma reeleição. Temos um excelente relacionamento com o presidente da Câmara. Mas seria um precedente muito perigoso, vez que o regimento das Casas possibilita uma concentração de poder muito grande nas mãos do presidente", explica Figueiredo.
O deputado federal Heitor Freire (PSL-CE) foi outro que aprovou a decisão do Supremo. "Eu fiquei aliviado em saber que a nossa Constituição Federal ainda serve para alguma coisa, e o STF barrou essa manobra de Maia e Alcolumbre", diz.
Freire declarou apoio ao presidente do seu partido, que está na disputa pela Presidência da Casa Legislativa. "Eu apoio o deputado Luciano Bivar (PSL-PE), que é querido entre a maioria dos parlamentares e estou ajudando no que posso para elegê-lo. Ele vai tratar com seriedade as pautas e reformas que o Brasil tanto precisa", pontua.
Maia já havia confirmado o nome de Bivar na disputa. Por meio de nota, o presidente do PSL afirmou que "aglutinou força e apoio para a candidatura" e que tem o apoio de Maia e de partidos como PSL, PTB e Pros. Além do nome de Bivar, o atual presidente da Câmara citou os nomes dos deputados Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Baleia Rossi (MDB-SP), Elmar Nascimento (DEM-BA) e Marcos Pereira (Republicanos-SP).
Outro deputado eleito pelos cearenses, José Airton (PT), também se mostrou favorável à decisão tomada pelo STF. "Pedi para o PT se manifestar de forma clara contra a mudança do que estabelece a Constituição. A meu ver, essa decisão era clara. Isso poderia abrir um precedente perigoso".
Sobre os nomes ventilados para concorrer ao cargo de presidente da Câmara, o petista acredita que o momento é de diálogo. "Temos que discutir a posição do bloco de centro-esquerda, formado por PT, PSB, PDT, Psol e Rede. Se vão lançar candidatos ou fazer uma composição em torno de um nome que defenda a democracia e que tenha a coragem de abrir um impeachment contra o presidente".
José Airton ainda classificou a atitude de Maia como absurda por não abrir os processos de impedimento existentes contra o presidente Jair Bolsonaro. O deputado falou que o bloco busca um representante que possa ajustar a agenda liberal pregada por Paulo Guedes.
Os rumos da agenda econômica do País também são uma preocupação de André Figueiredo, que se mostrou aberto à dialogar com quem venha a disputar o cargo.
"Não vamos nos negar a dialogar com nenhuma das candidaturas, queremos a independência do Parlamento, e o compromisso com uma pauta que não vise o enfraquecimento do Estado brasileiro e entregue tudo ao liberalismo econômico".