O início da primeira semana de 2021 serviu para o PT concretizar apoio ao candidato de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à Presidência da Câmara Federal, Baleia Rossi (MDB-SP). Com 54 deputados, a legenda detém a maior bancada da Casa.
Líder da minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), atribui o apoio do partido a Rossi às questões fundamentais para o bom funcionamento e independência do Legislativo.
"O apoio é ancorado em questões fundamentais para o funcionamento da Câmara, a defesa da Constituição e dos instrumentos que garantem o seu funcionamento, a autonomia e independência do Poder Legislativo, para garantir a votação de matérias que tenham, efetivamente, compromisso com o povo, além da defesa da vacina", destaca Guimarães.
Alexandre Padilha (PT-SP), vice-líder do partido na Câmara, projeta que o posicionamento do partido é uma forma da oposição se fortalecer diante das articulações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
"A decisão do PT em antecipar desde já o apoio a Baleia Rossi como candidatura única do bloco vai no sentido de ampliar a força daquele movimento que pode derrotar Bolsonaro na disputa à presidência da Câmara", diz.
A opção do partido não foi uma unanimidade entre os membros da bancada petista. Isso porque alguns defendiam uma candidatura própria da sigla, por ainda haver ressentimentos com a participação do MDB, partido de Baleia Rossi, no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Além da reunião entre os petistas, a bancada esteve com membros dos demais partidos de oposição: PCdoB, PSB, PDT e Rede.
O encontro resultou em um manifesto no qual o grupo pede que a nova Mesa Diretora da Câmara tenha objetivos como "defender a Constituição", "proteger a democracia e nossas instituições", "garantir a independência do Poder Legislativo", "lutar pelos direitos do povo brasileiro" e "assegurar a soberania nacional".
O manifesto ainda traz pontos que pedem "a garantia de acesso universal à vacina", "renda emergencial e/ou a ampliação do Bolsa Família", além da convocação de ministros e outras autoridades para que "venham prestar contas por atos seus ou de seus subordinados".
Para o deputado federal José Airton (PT-CE), a decisão do partido em compor o bloco de oposição a Bolsonaro é acertada e "muito corajosa".
"A formação desse bloco de oposição e dessa pauta anti-neoliberal, de uma agenda em defesa da autonomia do Poder Legislativo, da democracia, de uma economia contra as privatizações, dos interesses sociais do nosso povo, é algo muito importante nesse momento crucial que estamos vivendo", afirma Airton.
A votação para presidente da Câmara é secreta, o que pode gerar votos divergentes dentro de um mesmo partido. Para sair vencedor na disputa do pleito, o candidato precisa ter a maioria dos votos dos 513 deputados, ou seja 257 votos em primeira votação, ou ser o mais votado em segundo turno.
Baleia já possui o apoio do MDB, seu partido, do qual é presidente, além de contar com PSDB, DEM, Cidadania, PV e do dividido PSL. Essas siglas somam atualmente 159 deputados. Com o apoio vindo do bloco de oposição, o número de votos angariados chega a 278.
O Psol, que também faz parte da oposição e conta com dez parlamentares, ainda não oficializou posição para a votação na Câmara Federal. A sigla tem uma reunião marcada para o próximo dia 15.
Já pelo lado do candidato do grupo governista, Arthur Lira (PP-AL), que possui o apoio de dez partidos (Progressistas, PL, Republicanos, PSD, Solidariedade, PTB, Pros, PSC, Avante e Patriota), o número de deputados dessas essas siglas chega a 203.